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    Campos Neto já sabota futura gestão do Banco Central e fala em "incerteza" quando indicado de Lula assumir

    "Há um prêmio de risco na curva (de juros), e ele tem sido elevado com a incerteza sobre o que acontecerá quando o próximo time (do BC) assumir", disse

    Roberto Campos Neto (Foto: Reuters/Brendan McDermid)

    Reuters - O Banco Central tem que ficar fora da “arena política”, afirmou nesta terça-feira o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, argumentando que o tempo mostrará que o trabalho da autoridade monetária é técnico.

    Falando em fórum promovido pelo Banco Central Europeu (ECB) em Sintra, Portugal, Campos Neto afirmou que se observa nas últimas semanas um prêmio de risco elevado no Brasil, com incertezas relacionadas ao que acontecerá quando a autoridade monetária tiver um novo comando.

    "Como Banco Central, temos que ficar fora da arena política e tentar seguir com o trabalho técnico. E acho que o que fizemos... acho que é uma prova viva de que tudo que foi feito foi técnico", afirmou.

    "Há um prêmio de risco na curva (de juros), e ele tem sido elevado nas últimas semanas com a incerteza sobre o que acontecerá quando a próxima liderança, o próximo time (do BC) assumir."

    O presidente da autarquia ponderou que a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), de manter a taxa básica Selic em 10,50% ao ano, foi unânime, com apoio de quatro indicados pelo atual governo, entendendo o que seria melhor para o país.

    Para ele, cujo mandato no comando do BC se encerra em dezembro, o prêmio de risco relacionado ao tema tende a cair com o tempo.

    O Banco Central, e principalmente Campos Neto, têm sido alvo de reiteradas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que tem gerado volatilidade no mercado brasileiro.

    Nesta terça, Lula afirmou que o país vive um ataque especulativo e disse que o governo fará "alguma coisa" em relação à alta do dólar ante o real. Ele também voltou a criticar Campos Neto, a quem acusou de ter "viés político", ressaltando que o BC não pode estar a serviço do sistema financeiro.

    O presidente do BC disse em sua apresentação em Portugal que a precificação do mercado mostra que o principal risco hoje está relacionado às contas públicas no país.

    Ele ponderou que essa avaliação do mercado não está sincronizada com a realidade e que as expectativas de inflação estão desconectadas dos fundamentos da economia.

    As declarações de Campos Neto foram feitas ao lado da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e do presidente do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, que também participaram do painel.

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