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"Há um jogo de interesses especulativos contra o real nesse país", diz Lula sobre a alta do dólar

Presidente afirmou que a subida do dólar “preocupa” e que discutirá nesta semana medidas para conter a alta da moeda: “temos que fazer alguma coisa"

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o mercado financeiro, nesta terça-feira (2), em entrevista à Rádio Sociedade, na Bahia, ao afirmar que existe “um jogo de interesses especulativos contra o real nesse país”. “O mundo não pode ser vítima de mentiras. A gente não pode inventar as crises. Vou te dar um exemplo: na semana passada eu dei uma entrevista no UOL. depois da entrevista, alguns especialistas começaram a dizer que o dólar tinha subido por conta da entrevista do Lula. E fomos descobrir que o dólar tinha subido 15 minutos antes da minha entrevista. É um absurdo. Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação”, disse o presidente. “Tenho conversado com as pessoas o que a gente vai fazer. Eu estou voltando [a Brasília], quarta-feira vou ter uma reunião, porque não é normal o que está acontecendo”, afirmou mais à frente.

Nesta segunda-feira (1), o dólar à vista ultrapassou a barreira dos R$ 5,65 e encerrou a sessão no maior valor em dois anos e meio. Encerrou o dia cotado a 5,6538 reais na venda, em alta de 1,13%. Este é o maior preço de fechamento desde 10 de janeiro de 2022, quando encerrou em 5,6723 reais. Em 2024, a divisa acumula elevação de 16,53%.

Na entrevista, Lula também voltou a criticar a gestão de Roberto Campos Neto frente ao Banco Central. “Acho que a minha visão sobre o Banco Central não é uma visão teórica. É uma visão de um presidente que já foi presidente e teve um Banco Central sob o meu domínio durante oito anos e com total autonomia. Alguém pode falar que o Meirelles não teve autonomia? Ele ficou oito anos no meu mandato e, se dependesse de mim, ficaria com a Dilma também, não sairia. O Fernando Henrique Cardoso trocou três presidentes do Banco Central, e é normal. O que é anormal é o Lula trocar, é o Lula querer indicar alguém”, disse.

“É o presidente da República que tem que indicar, e quando a gente indica um presidente do Banco Central, do Banco do Brasil, da Petrobras, a gente não indica essa pessoa para ela fazer o que a gente quer. As empresas têm diretoria, conselho, cronograma de trabalho. E o Banco Central é a mesma coisa. O Banco Central tem uma função, que é cuidar da política monetária desse país, de atingir a meta da inflação. E por isso nós acabamos de aprovar a meta de inflação de 3%. O que não dá é para você ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Efetivamente eu acho que ele tem um viés político. Mas eu não posso fazer nada, porque ele é presidente do Banco Central e tem mandato, foi eleito pelo Senado. Eu tenho que esperar e indicar alguém”, disse Lula em referência ao atual presidente do banco Central, Roberto Campos Neto, indicado para o cargo por Jair Bolsonaro (PL).

Ainda sobre a alta do dólar, o presidente disse que "nós temos que fazer alguma coisa. Eu não posso falar aqui o que é possível fazer porque eu estaria alertando os meus adversários. É que não há necessidade. Se você pegar os dados da economia você vai perceber o quê? Você vai perceber que o PIB está crescendo mais que a previsão do mercado. Vai perceber que o desemprego está caindo mais do que a previsão do mercado. Vai perceber que a renda da massa salarial está crescendo mais que a previsão do mercado. Vai perceber que os acordos salariais, 87% deles estão sendo feitos com ganho real, acima da inflação. Você vai perceber a quantidade de entrada de capital externos para investimento direto no Brasil. Então não há nenhuma preocupação das pessoas terem medo, das pessoas ficarem assustadas, acharem que vai acontecer alguma coisa”, ressaltou.

Na entrevista, Lula também ressaltou a preocupação com os gastos públicos, mas voltou a afirmar que não pretende fazer ajuste fiscal em cima da população mais pobre ou promover alterações na atual política do salário mínimo. “Muita gente fala que é preciso cuidar dos gastos públicos, e ninguém nesse país cuidou melhor do que eu. Ninguém nunca cuidou mais dos gastos públicos do que eu. O que eu não posso é aceitar a ideia de que ‘é preciso acabar com benefício de pobre, ‘esse Bolsa Família está custando muito caro, o salário mínimo está custando muito caro, a política de investir em faculdade…’”, ressaltou.

“Nós já aprovamos o marco fiscal, que é uma revolução nesse país. Nós conseguimos fazer uma coisa que jamais se imaginou fazer em apenas um ano e seis meses: aprovar uma política tributária. Nós já provamos que responsabilidade jurídica, política e social nós temos demais. Agora, o que a gente não pode abrir mão é de melhorar a vida do povo brasileiro. Então vamos tentar encontrar soluções. Eu tenho dito para todo mundo - ainda nesses dias falei para o Haddad: você me apresenta os excessos de gastos. Porque se tiver excesso, se alguém estiver gastando alguma coisa que não seja necessária, se alguém estiver aplicando mal o dinheiro a gente para, porque eu não vou jogar dinheiro fora. Então nós vamos cuidar disso’, afirmou.

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