Com Bolsonaro, Campos Neto vendia dólares. Com Lula, ele abriu a porteira

247 - O presidente Lula aposta no fortalecimento do real, enquanto o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, aposta no seu enfraquecimento. Segundo informações de O Globo, a falta de intervenção no câmbio é um método de Campos Neto para responder às críticas contundentes do presidente Lula à política monetária contracionista.

A moeda estadunidense alcançou nesta segunda-feira (1) a cotação de R$ 5,65 porque o presidente do BC decidiu deixar a especulação cambial correr solta, sem fazer leilões de reservas que poderiam impedir uma desvalorização maior do real. O BC chegou a vender todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de setembro, mas não foi o suficiente. 

Diante disso, a moeda estadunidense à vista ultrapassou a barreira dos 5,65 reais nesta segunda-feira (1) e encerrou a sessão no maior valor em dois anos e meio. 

O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,6538 reais na venda, em alta de 1,13%. Este é o maior preço de fechamento desde 10 de janeiro de 2022, quando encerrou em 5,6723 reais. Em 2024, a divisa acumula elevação de 16,53%.

Pela manhã, o relatório Focus mostrou que as projeções para o câmbio no fim de 2024 subiu de 5,15 para 5,20 reais. 

Ao agir desta maneira, Campos Neto sinaliza para o mercado que o BC não vai intervir no câmbio, o que estimula um ataque especulativo ao real. Tal postura é completamente diferente da que Campos Neto adotava quando o presidente era Jair Bolsonaro, que o nomeou para o cargo. Em momentos de especulação cambial, Campos Neto dizia que o BC poderia utilizar as reservas internacionais, que, diga-se de passagem, foram acumuladas nos governos petistas e somam mais de US$ 350 bilhões.

Ao estimular a desvalorização do real, Campos Neto também estimula uma alta das expectativas inflacionárias - o que reforça seu próprio argumento pela alta das taxas de juros. Ou seja: em vez de atuar de forma técnica, Campos Neto atua como peça central da oposição ao governo Lula, sabotando a economia nacional.