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    CNI: Banco Central não deve subir a taxa de juros, que deveria estar abaixo dos 9% no Brasil

    Segundo a confederação, uma possível alta da Selic seria consequência do "excesso de conservadorismo" da instituição presidida por Roberto Campos Neto

    Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

    247 - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou nesta terça-feira (5) que o Banco Central deve subir a taxa de juros, atualmente em 10,75% ao ano (a.a.). De acordo com a CNI, uma possível alta da Selic seria consequência do "excesso de conservadorismo" da autoridade monetária.

    "Considerando a inflação acumulada nos últimos 12 meses, a CNI estima que  a taxa básica de juros de equilíbrio deveria estar em 8,4% a.a", continuou. "Alta da Selic atrapalha o equilíbrio das contas públicas. A CNI argumenta que elevar a taxa de juros é jogar contra o esforço fiscal, uma vez que aumenta o custo da  dívida pública. Cada ponto percentual a mais na Selic representa cerca de R$ 40 bilhões por ano em  despesas com juros da dívida".

    Segundo a CNI, "o impulso dos gastos do governo sobre a atividade econômica  tem caído ao longo do ano, o que tende a reduzir a pressão sobre a inflação". "Outro aspecto fiscal relevante, pontua a CNI, é o esforço do governo federal para diminuir os gastos em 2025, cujas medidas devem ser anunciadas em breve e são um sinal positivo para a sincronia entre as políticas  monetária e fiscal".

    Inflação impactada por fatores sobre os quais a política monetária não tem efeito

    A média dos cinco principais núcleos de inflação, no acumulado em 12 meses até setembro, foi de 3,8%, ante  4,3%, no acumulado em 12 meses até dezembro de 2023, complementou a Confederação. A CNI defende que ruídos passageiros na inflação não podem ofuscar a leitura de sua tendência traçada pelos núcleos de inflação, indicadores que  excluem do cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) os itens com preços mais  voláteis. 

    Quanto às acelerações do IPCA de setembro e do IPCA-15 de outubro, a CNI afirma que estão ligadas aos  preços de energia elétrica e alimentos, que, por sua vez, respondem a fatores conjunturais – e não estruturais –, com destaque para as secas extremas. Esses resultados não asseguram mudança significativa na  tendência da inflação e, por isso, não devem balizar a decisão do Copom.

    No caso da energia elétrica, a bandeira tarifária vermelha praticada em setembro e outubro já foi alterada  para amarela, o que, de acordo com a CNI, deve reverter, a partir de novembro, a influência sobre a inflação em setembro (quando  a energia representou 48% da alta do IPCA) e em outubro (quando a energia elétrica representou 39% da alta  do IPCA-15).

    Comparações em nível global

    Na contramão do mundo, um eventual aumento da Selic colocará o Brasil na contramão da tendência global de  afrouxamento das taxas de juros. Entre os países membros do G-20 – grupo das principais economias do  mundo –, apenas a Rússia tem subido juros.   Em outubro, o Banco Central Europeu promoveu o terceiro corte de juros do ano, de 0,25 ponto percentual  (p.p), reduzindo a taxa para 3,25% a.a.

    Nos Estados Unidos, a expectativa é que o Fed (autoridade monetária  dos EUA) promova, já na reunião desta semana, o segundo corte de 2024 na taxa de juros norte-americana,  com expectativa de mais um corte até o fim do ano. 

    A CNI defende que o movimento internacional de redução da taxa de juros é uma oportunidade para o Brasil ajustar a Selic para baixo, sem diminuir o diferencial de juros em relação às economias centrais, especialmente  os EUA, o que evitaria pressão sobre a taxa de câmbio e a inflação. Política monetária contracionista há 34 meses (com informações divulgadas pela CNI).

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