Dólar supera os R$ 5,43 com investidores à espera do Copom
O Banco Central brasileiro tem nesta quinta (19) mais uma reunião para anunciar uma posição sobre a taxa de juros no país
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a terça-feira em leve alta ante o real, com investidores evitando mudar posições de forma radical antes da decisão de quarta-feira (18) do Copom sobre juros, enquanto no exterior a moeda norte-americana perdeu força após números abaixo do esperado do varejo dos Estados Unidos.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4339 reais na venda, em alta de 0,22%. Esta é a maior cotação de fechamento desde 4 de janeiro de 2023 -- início do governo Lula -- quando encerrou a 5,4513 reais. Em junho, a divisa acumula elevação de 3,48%.
Às 17h05, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,13%, a 5,4375 reais na venda.
A divisa dos EUA abriu o dia novamente em alta ante o real, dando continuidade ao movimento mais recente de aversão aos ativos brasileiros, em meio às preocupações com o equilíbrio fiscal, e influenciado pelo avanço do dólar também no exterior.
O cenário mudou ainda na primeira hora de negócios, com o dólar perdendo força no exterior e no Brasil após a divulgação de dados do varejo dos EUA. O Departamento de Comércio informou que as vendas no varejo norte-americano aumentaram 0,1% no mês passado, após uma queda revisada para baixo de 0,2% em abril. Economistas consultados pela Reuters previam que as vendas no varejo aumentariam 0,3% em maio.
Neste cenário, após registrar a cotação mínima de 5,4436 reais (+0,40%) às 9h, na abertura da sessão, o dólar à vista atingiu a mínima de 5,3926 reais (-0,54%) às 11h03, já após os dados do varejo.
No restante do dia, porém, a moeda norte-americana se manteve próxima da estabilidade, até reacelerar um pouco antes do fechamento, com investidores à espera da decisão de quarta-feira do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. As apostas majoritárias no mercado de renda fixa são de manutenção da taxa básica Selic em 10,50% ao ano.
Conforme profissionais ouvidos pela Reuters, mais do que a decisão em si o mercado quer saber como serão os votos dos nove integrantes do Copom.
Caso a decisão seja novamente dividida -- como no encontro anterior, em maio -- a expectativa é de nova pressão de alta para o dólar, em função dos receios de que, com a saída de Roberto Campos Neto da presidência do BC no fim de 2024, a instituição se torne mais tolerante com a inflação.
“As incertezas fiscais e as incertezas em relação ao BC estão prejudicando muito os preços de ativos financeiros. Inclusive, a moeda brasileira se desvaloriza mais do que a própria moeda argentina, sendo que a situação da economia argentina é infinitamente pior que a brasileira”, pontuou pela manhã Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado a clientes.
“Enquanto não vier uma luz da equação fiscal, sobre como o governo vai cumprir o arcabouço sem ficar apenas pressionando a arrecadação tributária, e sem uma luz sobre o que será o novo BC, quem será o presidente e qual será a linha que vai ser seguida, o mercado segue com esta incerteza”, acrescentou.
Em meio à expectativa pelo Copom, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou pela manhã as críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, acusando-o de trabalhar para prejudicar o Brasil.
“O presidente do Banco Central não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, tem lado político e, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar", disse.
No exterior, às 17h12, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,02%, a 105,250.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.
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