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      Economistas pela Democracia repudiam Armínio Fraga: “elitista e cruel”

      Fraga defendeu o congelamento dos aumentos reais do salário mínimo por seis anos e foi amplamente rechaçado

      Armínio Fraga (Foto: Horst Baümle/Divulgação)
      Leonardo Sobreira avatar
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      247 - A Associação Brasileira dos Economistas pela Democracia (ABED) repudiou, em nota divulgada nesta terça-feira (15), declarações recentes do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e um dos homens mais ricos do país, que defendeu o congelamento dos reajustes reais do salário mínimo por um período de seis anos.

      Durante a Brazil Conference, realizada no último sábado (12), nas universidades Harvard e MIT, nos Estados Unidos, Fraga lançou a proposta sob o argumento de que o sistema previdenciário brasileiro estaria em situação "explosiva".

      A ABED repudiou "de forma contundente" a fala e qualificou a proposta de elitista: "Essa proposta é elitista, cruel e inaceitável. Mais uma vez, setores das elites financeiras brasileiras tentam jogar o peso do ajuste fiscal nas costas dos trabalhadores, poupando a si próprios de qualquer responsabilidade. É a velha lógica de sempre: o povo paga a conta, enquanto os rentistas continuam sangrando o país com juros escorchantes e lucros recordes". 

      "A proposta é ainda mais grave por vir de quem sempre esteve ao lado dos que desmontaram as políticas sociais construídas com tanto esforço", acrescenta a nota, destacando ainda a importância do aumento real do salário mínimo para a melhoria da vida de milhões de brasileiros.

      Leia a íntegra da nota - A Associação Brasileira dos Economistas pela Democracia (ABED) repudia de forma contundente a fala do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, durante a Brazil Conference, realizada em 12 de abril de 2025 nas universidades Harvard e MIT, nos Estados Unidos. Fraga defendeu o congelamento dos aumentos reais do salário mínimo por seis anos, sob o argumento de que o sistema previdenciário brasileiro estaria em situação "explosiva".

      Essa proposta é elitista, cruel e inaceitável. Mais uma vez, setores das elites financeiras brasileiras tentam jogar o peso do ajuste fiscal nas costas dos trabalhadores, poupando a si próprios de qualquer responsabilidade. É a velha lógica de sempre: o povo paga a conta, enquanto os rentistas continuam sangrando o país com juros escorchantes e lucros recordes.

      Fraga e seus pares evitam tocar no verdadeiro problema fiscal brasileiro: o sistema de juros altos, a política monetária que favorece banqueiros, e os privilégios tributários de grandes fortunas e corporações. Em vez de enfrentar esses interesses, preferem mirar o salário mínimo – o principal instrumento de distribuição de renda e combate à desigualdade no Brasil.

      A proposta é ainda mais grave por vir de quem sempre esteve ao lado dos que desmontaram as políticas sociais construídas com tanto esforço. Basta lembrar que após o golpe parlamentar de 2016, com o apoio de setores do mercado financeiro, foi implantado o programa "Uma Ponte para o Futuro", do governo Temer, que interrompeu os aumentos reais do salário mínimo e aprofundou o desmonte do Estado. No governo Bolsonaro, o congelamento continuou, com perdas reais para quem vive do trabalho.

      O aumento real do salário mínimo foi decisivo para a melhoria da vida de milhões de brasileiros, ajudando a reduzir desigualdades sociais e regionais, além de dinamizar a economia nacional. Atacar essa política é atacar diretamente a população mais pobre e trabalhadora do Brasil.

      É importante lembrar que durante o período em que os aumentos reais do salário mínimo foram interrompidos, entre o golpe parlamentar de 2016 e o final do governo Bolsonaro, a situação fiscal não melhorou — ao contrário, ela se agravou. O congelamento dos salários não trouxe o equilíbrio prometido e ainda aprofundou a desigualdade, desvalorizou o trabalho e estrangulou a renda de milhões de brasileiros.

      Rejeitamos com firmeza qualquer proposta que retire direitos e agrave a desigualdade. E reafirmamos: quem deve pagar pela crise são aqueles que mais lucram com ela. As elites financeiras precisam, finalmente, assumir sua parte no ajuste fiscal — e não seguir fugindo de suas responsabilidades históricas.

      Associação Brasileira dos Economistas pela Democracia (ABED)

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