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    Eletrobras diz não ter obrigação de investir e Angra 1 pode ser desligada em dezembro

    Acordo de investimento firmado em 2019 não menciona explicitamente recursos para Angra 1, focando-se em "novos investimentos e Angra 3"

    Vista de usina em Angra dos Reis (Foto: REUTERS/Lucas Landau)

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    247 - A usina nuclear Angra 1, com 40 anos de operação e uma capacidade de 640 megawatts, enfrenta um futuro incerto devido a um impasse financeiro entre a Eletrobras e a Eletronuclear, agora sob nova gestão da estatal ENBPar. A licença de operação de Angra 1 expira no próximo 24 de dezembro, e a Eletronuclear tem trabalhado para prorrogá-la por mais 20 anos desde 2019, um projeto que exige investimentos substanciais que agora estão em questão.

    De acordo com uma recente reportagem da revista "IstoÉ Dinheiro", o presidente da Eletrobras, Ivan Monteiro, enviou uma carta ao presidente do Conselho de Administração da Eletronuclear, Thiago Guilherme Ferreira Prado, afirmando claramente que a Eletrobras "não tem qualquer obrigação" de contribuir financeiramente para a extensão da vida útil de Angra 1. Este projeto foi aprovado pela Eletrobras em 2019, antes de sua privatização em junho de 2022, mas o acordo de investimento firmado na época não menciona explicitamente os recursos para Angra 1, focando-se em "novos investimentos e Angra 3".

    O desafio financeiro é agravado pelo fato de que a Eletronuclear está buscando um empréstimo-ponte de aproximadamente 800 milhões de reais com seus acionistas, ENBPar e Eletrobras, para cobrir investimentos já em andamento como parte do processo para estender a licença da usina. A ENBPar, embora apoiada pelo governo, não possui um histórico de crédito que facilite a obtenção de empréstimos relevantes, colocando a Eletronuclear em uma situação delicada.

    O presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, explicou a importância deste empréstimo-ponte para as negociações com o Eximbank, uma agência de crédito à exportação dos Estados Unidos, que historicamente financia os projetos de Angra 1. Lycurgo destacou as dificuldades enfrentadas pela empresa devido ao desequilíbrio financeiro e a ausência de garantias suficientes que a Eletrobras poderia ter oferecido se ainda fosse acionista majoritária.

    O investimento necessário para a extensão da vida útil da usina até 2027 é estimado entre 2,5 bilhões e 3 bilhões de reais. Esse montante cobriria a modernização de diversos componentes essenciais da usina, incluindo a troca de geradores de vapor e transformadores, muitos dos quais já foram encomendados e até entregues.

    No entanto, sem a certeza do financiamento, o futuro operacional de Angra 1 pende por um fio. A Eletronuclear continua suas negociações com órgãos reguladores e ambientais para assegurar a renovação da licença, mas a falta de comprometimento financeiro por parte da Eletrobras coloca em risco a continuidade da usina, que desempenha um papel crucial no fornecimento de energia para a região Sudeste do Brasil.

    [Com informações da IstoÉ Dinheiro, Petronotícias e Reuters]

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