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    Haddad e Lula se reúnem e equipe econômica espera aprovação para corte de gastos

    Equipe econômica trabalha em um pacote que varia de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões

    Lula e Fernando Haddad (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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    247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta segunda-feira (28) por duas horas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Palácio da Alvorada. Segundo o jornal O Globo, Haddad apresentou ao presidente um conjunto de propostas econômicas e fiscais que poderão ser levadas ao Congresso Nacional. 

    Entre as medidas discutidas pela equipe econômica estão mudanças no seguro-desemprego e no fundo de financiamento para a educação básica (Fundeb). Contudo, o presidente interditou o debate sobre o reajuste real do salário mínimo e alterações em benefícios permanentes, enquanto a equipe trabalha em um pacote que varia de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões.

    Após uma semana em Washington e participação nas votações em São Paulo, Haddad se prepara para uma viagem à Europa no início de novembro, coincidindo com a proximidade do G20 no Brasil, marcado para a segunda quinzena do mês no Rio de Janeiro. Esse contexto torna esta semana decisiva para as discussões fiscais, após o governo aguardar o término das eleições municipais para aprofundar os debates.

    Enquanto as medidas de corte de gastos ainda não foram oficialmente anunciadas, o governo busca alinhar o discurso em defesa dessas ações. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou a necessidade de cortar políticas públicas consideradas ineficientes, afirmando que “não existe social sem fiscal. Os números estão aí para mostrar que tudo que tinha que dar certo deu. Só falta uma coisa: temos que ter a coragem de cortar aquilo que é ineficiente.” Ela enfatizou que a redução de despesas é fundamental para aumentar os investimentos no Brasil, especialmente em infraestrutura.

    Durante o mesmo evento, o presidente do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] , Aloizio Mercadante, também defendeu a necessidade de cortes seletivos nos gastos, ressaltando que o Brasil possui condições para alcançar o grau de investimento, vital para atrair recursos estrangeiros. “Nós temos todas as condições de atingir o grau de investimento, e o governo tem que cortar gastos com seletividade, com critério, sem comprometer o crescimento do investimento,” disse Mercadante.

    A agência de classificação de risco Moody's elevou recentemente a nota de crédito do Brasil, deixando o país a um passo do grau de investimento, o que atrai a atenção da equipe econômica em suas negociações com o Congresso.

    Em um evento em Londres, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou a necessidade de um choque fiscal para possibilitar juros estruturalmente mais baixos. Ele indicou que um forte choque fiscal poderia mudar as expectativas econômicas e reverter previsões de inflação.

    O corte de gastos não é apenas uma medida para melhorar as contas públicas, mas também uma estratégia para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal a partir de 2026, quando as despesas obrigatórias tendem a consumir uma maior fatia do orçamento.

    A desconfiança em torno da política fiscal é um dos principais obstáculos para a valorização da Bolsa, os juros e a moeda brasileira. Contudo, a confiança do mercado em Haddad parece ter limitado as tensões na curva de juros, resultando em uma alta de 1,02% na Bolsa e uma variação quase estável do dólar, que fechou a R$ 5,70.

    Pedro Serra, gerente de Research da Ativa Investimentos, avaliou que, apesar da ausência de um plano definitivo sobre contenção de gastos, as recentes declarações do ministro contribuíram para suavizar o clima negativo no mercado. “A expectativa em si de um anúncio de corte de gastos muda bastante a dinâmica fiscal que vinha sendo vista até agora,” concluiu.

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