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Novo presidente do BC olhará Brasil como país é, não como o mercado fala, diz Lula

"Quanto mais baixa a inflação, mais o trabalhador tem poder aquisitivo", disse o presidente, em resposta a quem critica o suposto descontrole dos gastos do governo

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a pressão do mercado financeiro pela autonomia do Banco Central e afirmou que a inflação está sob controle em seu governo. “Inflação baixa, para mim, não é um desejo, é uma obsessão, porque eu sei que quanto mais baixa a inflação, mais o trabalhador tem poder aquisitivo, mais o dinheiro dele vai render. Então isso faz parte da minha vida”, disse Lula nesta segunda-feira (1) em entrevista à Rádio Princesa, na Bahia. 

“A inflação está controlada. Acabamos de aprovar a manutenção da meta de 3%. Responsabilidade é uma coisa que a gente preza muito. Eu vivi dentro de uma fábrica recebendo salário como uma inflação de 80%. Quando eu pegava o salário eu ia direto para o atacadista para comprar tudo que não era perecível, para não perder meu salário”, destacou.

“Então isso faz parte da minha vida. Não é um programa de governo, não é um discurso. É uma profissão de fé que eu carrego. A inflação tem que ser baixa, o governo tem que gastar corretamente, tem que fazer coisas para que sobrem dinheiro para investimento, porque o Estado brasileiro tem pouca capacidade de fazer investimentos”, disse Lula mais à frente. 

Ainda segundo o presidente, “quem quer o Banco Central autônomo é o mercado, que faz parte do Copom, que determina meta da inflação, a taxa de juros. Eu tive um Banco Central independente, O Meirelles ficou oito anos no meu governo como presidente do BC e teve total independência para fazer os ajustes que tinha que fazer. Agora, o que você não pode é ter um BC que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Nós não precisamos ter política de juros altos nesse momento. A taxa Selic de 10,5% está exagerada. A inflação está controlada. Acabamos de aprovar a manutenção da meta de 3%. Responsabilidade é uma coisa que a gente preza muito”. 

Ainda segundo o presidente, “o Banco Central tem que ser o Banco Central de uma pessoa que seja indicada pelo presidente. Como pode um presidente da República ganhar as eleições e depois não poder indicar o presidente do BC ou, se indica, ele tem mandato? Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do Bolsonaro. Há dois anos. Então não é correto isso”. 

“O correto é que entre o presidente da República e ele indique o presidente do Banco Central. Se der errado ele tira, como o Fernando Henrique Cardoso tirou três. O que não dá é para o cidadão ter um um mandato e ser mais importante que o presidente da República. É isso que está equivocado”, completou. 

Lula, porém, ressaltou que “também não faço disso uma profissão de fé, uma questão ideológica. Foi aprovada pelo Congresso a independência do BC, foi indicado o cidadão pelo governo passado. Eu tenho que, com muita paciência, esperar chegar a hora de indicar um outro candidato e ver se a gente consegue, com a maior autonomia possível, que é a decência política das pessoas, ter um presidente do Banco Central que olhe um pouco esse país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”.

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