Maior plano global para erradicação da fome será lançado na cúpula do G20, no Rio de Janeiro
Objetivo é alcançar 500 milhões com programas de transferência de renda e garantir refeições escolares a 150 milhões de crianças até 2030
RIO DE JANEIRO, 15 de novembro de 2024 – Em um movimento que demonstra a união global sem precedentes, governos, organizações multilaterais, bancos de desenvolvimento e entidades filantrópicas anunciaram hoje, durante a Cúpula de Líderes do G20 no Rio de Janeiro, a mais ampla iniciativa coletiva já vista para erradicar a fome e a pobreza extrema. A iniciativa, conhecida como “2030 Sprints”, marca o início das ações da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que será oficialmente lançada em 18 de novembro.
A Aliança Global surge em um momento crítico, uma vez que projeções indicam que, sem mudanças significativas, 622 milhões de pessoas ainda viverão em extrema pobreza em 2030, um número muito superior ao desejado. Além disso, cerca de 582 milhões de pessoas enfrentarão a fome em 2030, um patamar semelhante ao de 2015, quando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram adotados.
Compromissos globais e apoio financeiro
Entre os compromissos anunciados, destacam-se a ampliação de programas de transferência de renda que visam alcançar 500 milhões de pessoas em países de baixa e média renda até 2030. Akihiko Nishio, vice-presidente de Finanças de Desenvolvimento do Banco Mundial, afirmou: “O Banco Mundial se compromete plenamente com a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, apoiando a ambição através da IDA 21 para estender a proteção social a 500 milhões de pessoas”.
Outro destaque foi o apoio à expansão de refeições escolares de qualidade para mais 150 milhões de crianças em regiões afetadas pela pobreza e fome endêmicas. Cindy McCain, diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA), ressaltou: “Programas de refeições escolares são transformadores na luta contra a desigualdade e a fome. Eles abrem portas para a educação e fortalecem os sistemas alimentares locais”.
Iniciativas de inclusão socioeconômica e desenvolvimento infantil
O Brasil, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmou seu compromisso em liderar esforços regionais e globais. “Enquanto houver famílias sem comida e jovens sem esperança, não haverá paz”, declarou Lula, destacando o sucesso de políticas públicas como o Bolsa Família. O país também anunciou a expansão de programas de visitas domiciliares na primeira infância para atingir mais 300 mil crianças e 25 mil gestantes.
A Aliança Global busca também apoiar 100 milhões de pessoas em programas de inclusão socioeconômica, com enfoque em mulheres, e fornecer assistência nutricional e de saúde a 200 milhões de mulheres e crianças de 0 a 6 anos. Shameran Abed, diretor executivo do BRAC, elogiou o papel do Brasil: “Estamos orgulhosos de trabalhar com governos para implementar abordagens comprovadas na redução da pobreza em grande escala”.
Soluções para agricultores e acesso à água
Em apoio aos pequenos agricultores, responsáveis por até 70% dos alimentos consumidos em países de renda baixa e média, foram anunciadas parcerias entre o Brasil, a FAO, o FIDA e o PMA para conectar produtores familiares a programas de merenda escolar. Alvaro Lario, presidente do FIDA, enfatizou a necessidade de investimentos estratégicos: “Para acabar com a pobreza e a fome, precisamos fornecer aos pequenos agricultores acesso a ferramentas, tecnologia e financiamento”.
No que diz respeito ao acesso à água, a Bolívia e o Brasil se comprometeram com a expansão de sistemas de cisternas e soluções de irrigação para melhorar a segurança alimentar e hídrica. “A construção de cisternas é uma solução de baixo custo que transforma a vida das famílias pobres, garantindo acesso à água”, afirmou Álvaro Mollinedo, vice-ministro de Desenvolvimento Agrícola da Bolívia.
Compromisso contínuo para alcançar os ODS
O ministro brasileiro Wellington Dias destacou a importância da colaboração internacional: “Como diz o presidente Lula, é uma questão de prioridade política, de incluir os pobres no orçamento”. Ele reforçou que a Aliança Global está apenas começando e convida outros países e parceiros a se unirem aos esforços para ampliar o impacto e cumprir a visão de um mundo sem fome e pobreza.
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