"Marinheiro não reclama do mar", diz Galípolo, ao falar sobre mercado agitado
Indicado para presidir o Banco Central, Gabriel Galípolo defende leitura estratégica do mercado e destaca avanços no cenário econômico
247 – O diretor de política monetária do Banco Central (BC) e futuro presidente da instituição, Gabriel Galípolo, usou uma analogia marcante ao comentar a reação negativa dos mercados ao pacote fiscal anunciado pelo governo. "A autoridade monetária se queixar do mercado é igual marinheiro se queixar do mar", afirmou durante evento em São Paulo, conforme reportado pelo Valor Econômico. A declaração foi feita em resposta às críticas de investidores e analistas, e Galípolo enfatizou que a função do BC é entender as reações do mercado e atuar estrategicamente.
"Não tem nada que se queixar do mercado. Tem que entender e ter função de reação a partir dessa leitura", explicou o diretor. Ele também elogiou o trabalho conjunto do Ministério da Fazenda e da Casa Civil na formulação das medidas fiscais. "O trabalho colaborativo foi fundamental, e eu presenciei isso de perto", ressaltou.
Meta de inflação e desafios econômicos
Galípolo reforçou o compromisso do Banco Central em perseguir a meta de inflação, ainda que isso exija medidas difíceis, como o aumento da taxa básica de juros. "Não aplicar o remédio [subir os juros] seria muito mais danoso ao paciente. Tenho certeza que o impacto pior seria não agir", afirmou, destacando também a importância de atacar as causas estruturais da inflação.
O diretor reconheceu que, embora avanços importantes tenham sido alcançados, a desancoragem das expectativas e a inflação corrente ainda preocupam. "Muitas vezes, as evoluções acontecem de maneira menos rápida e linear do que gostaríamos, mas isso faz parte do processo democrático", ponderou.
Cenários interno e externo
Galípolo também destacou a resiliência da economia brasileira, que teve sucessivas revisões positivas nas previsões de crescimento do PIB e da inflação ao longo do ano. No entanto, reconheceu que o cenário internacional, especialmente a pressão inflacionária nos Estados Unidos, impacta o Brasil. "O real foi uma das moedas mais afetadas, seja por questões estruturais ou idiossincrasias locais", observou.
Apesar dos desafios, o futuro presidente do Banco Central mostrou otimismo com o amadurecimento da sociedade em enfrentar as causas dos problemas econômicos. "Acho que a sociedade vem evoluindo no sentido de atacar essas questões de forma mais consistente", concluiu.
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