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    Política trava soluções econômicas, afirma Rubens Ometto: “Se houver coragem, o país decola fácil”

    Empresário elogia Haddad, critica a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e defende cortes de despesas para impulsionar o crescimento

    Rubens Ometto (Foto: Alan Santos/PR)

    247 – A turbulência econômica que o Brasil enfrenta é, antes de tudo, um entrave político, avalia o empresário Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan, uma das maiores companhias do país no setor de energia, logística e infraestrutura. Em entrevista concedida à Folha de S. Paulo, Ometto atribui principalmente ao grupo liderado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, a dificuldade em promover cortes de gastos e aprovar medidas necessárias para “fazer o país decolar”.

    “Eu acho que Haddad e o pessoal dele pensam direito. O problema é político, com o time da Gleisi. Fica ali pressionando o presidente e dificulta a tomada das medidas que, tecnicamente, têm que ser tomadas. Mas se eles tiverem coragem de fazer, esse país decola fácil”, afirmou o empresário, ao comentar o momento econômico nacional. Para ele, o Brasil teria condições de crescer sem entraves, não fosse a resistência a ajustes fiscais que, a seu ver, são simples de implementar, embora politicamente complexos.

    Ometto, voz crítica contra o patamar atual da taxa Selic, entende que os juros elevados podem comprometer o crescimento do país nos próximos anos. Pouco mais de um mês atrás, ele chegou a cobrar diretamente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por um freio na escalada dos juros. Agora, diante da iminente posse de Gabriel Galípolo na liderança da instituição, Ometto demonstra esperança em um perfil mais aberto ao diálogo: “Eu acho que o Galípolo tenta entender mais o que se passa. O Roberto Campos só sabe acelerar e brecar. O Galípolo vai tentar entender melhor o empresariado”.

    Para o empresário, o desajuste fiscal é o grande obstáculo. Ele reconhece a relevância de medidas sociais, como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha menos, mas insiste na importância de um “pacote completo”, que inclua cortes de despesas e um esforço conjunto para alcançar superávit fiscal. “É aquela história: para você pular, você precisa se abaixar, ganhar impulso e pular. Se ficar com a perna esticada, você não ganha impulso”, compara. Em outras palavras, Ometto defende um sacrifício de curto prazo para um ganho consistente no longo prazo.

    Questionado sobre a influência da ala política do governo nas decisões, o executivo foi taxativo ao citar o núcleo ligado a Gleisi Hoffmann como um entrave: “Você vê claramente que a turma da Gleisi é contra”, afirmou, ao ressaltar que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mostra empenho em buscar soluções, mas esbarra na falta de apoio político interno para viabilizar ajustes.

    Ometto também pondera sobre a intervenção no câmbio e a postura do mercado, mas considera que tudo se resolveria se o país equacionasse o déficit fiscal. “Hoje, é mais um problema político do que técnico”, diz. Ao traçar o cenário para os próximos anos, o empresário teme que a falta de investimentos, por conta dos juros altos, acabe comprometendo o crescimento econômico já em 2025 ou 2026. Formado em engenharia de produção pela Escola Politécnica da USP, Rubens Ometto, de 74 anos, preside o conselho da Cosan desde 2000.

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