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      Queda do dólar reacende expectativas por corte na Selic

      Cotação recuou para R$ 5,629 e, se cenário persistir, governo acredita que Banco Central poderá reduzir juros ainda em 2025

      Sede do Banco Central, em Brasília 22/02/2022 REUTERS/Adriano Machado (Foto: ADRIANO MACHADO)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - A significativa desvalorização do dólar frente ao real reacendeu no governo Lula (PT) a esperança de que o Banco Central possa promover cortes na taxa básica de juros ainda neste ano. Segundo a Folha de S. Paulo, o recuo da moeda norte-americana para R$ 5,629 nesta quinta-feira (3), em reação ao novo tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é visto por integrantes do Planalto como um sinal positivo para a economia brasileira.

      Desde o final de 2024, o Banco Central, agora sob o comando de Gabriel Galípolo, vinha endurecendo a política monetária em resposta às pressões cambiais e à inflação. Em dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) promoveu a primeira alta de um ponto percentual na Selic desde 2022, elevando-a para 12,25% ao ano. A justificativa foi justamente o impacto da alta do dólar, que havia chegado a R$ 6,20, sobre os preços domésticos.

      Após esse movimento inicial, a taxa Selic sofreu duas novas elevações de um ponto percentual cada, atingindo os atuais 14,25% ao ano. A ata mais recente do Copom indicou que novas elevações são possíveis na próxima reunião, prevista para maio, mas em um ritmo mais moderado.

      A queda abrupta da cotação do dólar nesta semana, no entanto, provocou uma mudança de ânimo entre interlocutores do governo. A avaliação interna é que, se a tendência se mantiver e não houver novo surto inflacionário, o Banco Central terá margem para começar a reduzir a taxa de juros ainda no segundo semestre.

      A política de juros tem sido um dos principais pontos de atrito entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central. Lula, desde o início de seu terceiro mandato, não poupou críticas ao ex-presidente da instituição, Roberto Campos Neto, por manter a Selic elevada mesmo diante de sinais de desaceleração econômica. A chegada de Galípolo ao comando do BC foi interpretada como uma oportunidade de maior sintonia entre o governo e a autoridade monetária.

      Com o cenário externo mais favorável e um dólar mais comportado, a expectativa no entorno do presidente é que finalmente haja espaço para uma flexibilização da política monetária. O dólar mais barato, ao reduzir os custos de importação e aliviar a pressão inflacionária, pode ser a chave para o início de uma nova trajetória de queda dos juros no país.

      Juros e consequências

      Os juros altos impactam negativamente a economia e o desenvolvimento nacional por uma série de fatores interligados. 

      Desestímulo ao consumo e à produção - A taxa básica de juros influencia diretamente o custo do crédito. Quando os juros estão elevados:

      • O crédito fica mais caro: empréstimos, financiamentos de veículos, imóveis e cartões de crédito têm suas taxas aumentadas.
      • As famílias consomem menos: com prestações mais altas, o poder de compra é reduzido e o consumo desacelera.
      • As empresas produzem menos: com a demanda retraída, os empresários deixam de investir e reduzem a produção para evitar estoques encalhados.

      Esse ciclo leva à desaceleração da economia e pode provocar recessão.

      Inibição do investimento produtivo - Juros altos tornam menos atrativo investir na economia real (indústria, agricultura, comércio) e mais vantajoso aplicar em títulos públicos ou outras formas de renda fixa. Isso significa que:

      • Empresas deixam de expandir ou modernizar suas operações.
      • Projetos de infraestrutura ou inovação são adiados ou cancelados, pois o custo do financiamento se torna proibitivo.
      • Empreendedores enfrentam barreiras para começar ou manter seus negócios.

      Menos investimento significa menos empregos, menor crescimento e perda de competitividade nacional.

      Aumento do endividamento público - Como o governo também toma dinheiro emprestado, juros elevados encarecem:

      • O serviço da dívida pública, ou seja, os pagamentos de juros sobre os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional.
      • O orçamento federal é comprometido, porque mais recursos são destinados a pagar juros e menos sobram para saúde, educação, infraestrutura, segurança etc.

      Isso agrava desigualdades sociais e compromete políticas públicas fundamentais ao desenvolvimento.

      Enfraquecimento da indústria nacional - Com juros altos e consumo interno enfraquecido, a indústria sofre duplamente:

      • Perde mercado doméstico para produtos importados, que às vezes se tornam mais competitivos mesmo com o dólar elevado.
      • Fica sem recursos para inovar e ganhar produtividade, tornando-se cada vez mais dependente de matérias-primas e produtos importados.

      O Brasil se desindustrializa e perde sua capacidade de gerar empregos qualificados e valor agregado.

      Freio ao crescimento do PIB - A soma de todos esses efeitos — menos consumo, menos investimento, menos produção — impacta diretamente no Produto Interno Bruto:

      A economia cresce menos ou encolhe, o que agrava problemas sociais como desemprego, pobreza e desigualdade.

      Em países em desenvolvimento como o Brasil, juros altos por períodos prolongados dificultam o crescimento sustentado e tornam mais difícil romper o ciclo de dependência e subdesenvolvimento.

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