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    “2025 será o ano decisivo para o governo Lula”, afirma João Cezar de Castro Rocha

    Especialista analisa desafios políticos, econômicos e sociais do Brasil no fim de 2024 e propõe “ruptura democrática e institucional”

    (Foto: Divulgação )
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    247 - No encerramento de 2024, a CartaCapital promoveu uma entrevista exclusiva com o professor e ensaísta João Cezar de Castro Rocha, que analisou o cenário político e econômico brasileiro e as perspectivas para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A conversa, conduzida por Thaís Reis Oliveira e Leonardo Mello, abordou os principais desafios enfrentados pelo país e a necessidade de uma reconfiguração estratégica do campo progressista.

    O balanço de 2024: economia e desconfiança popular

    Para Castro Rocha, 2024 foi um ano marcado por contradições. Apesar de indicadores econômicos positivos, como a previsão de crescimento de 4% do PIB e a menor taxa de desemprego em uma década, a percepção popular permanece desconectada dos avanços. “Enquanto os números da economia mostram recuperação, 68% das pessoas sentem que o poder de compra diminuiu, e 78% percebem os alimentos como mais caros. Essa dissonância precisa ser enfrentada por meio de uma comunicação mais eficaz e politização das políticas públicas”, afirmou o professor.

    Ele destacou ainda a influência do mercado financeiro sobre a taxa Selic, mantendo-a em patamares elevados. “Cada aumento de 1% na Selic custa ao governo R$ 50 bilhões. É um jogo que beneficia bancos e rentistas, enquanto limita a capacidade de investimento social.”

    2025: o ano do enfrentamento político

    Segundo Castro Rocha, o próximo ano será decisivo para o governo Lula. Ele defendeu a adoção de uma postura mais combativa contra a “chantagem criminosa” do Congresso Nacional, liderado por Arthur Lira, e a implementação de uma ruptura democrática e institucional. Essa ruptura, para o professor, não implica radicalismo, mas sim a coragem de promover reformas estruturais, como a tributária, e politizar o debate público.

    “O governo precisa assumir o controle do orçamento e enfrentar as forças que tentam paralisar avanços sociais. Se isso significar ir às ruas, que assim seja. Uma esquerda que teme as ruas perde sua essência”, pontuou.

    A comunicação como pilar estratégico

    Para o professor, a comunicação do governo Lula carece de inovação e assertividade. Ele propôs estratégias específicas para plataformas digitais, como TikTok, Facebook e X (antigo Twitter), adaptadas aos diferentes públicos. “A comunicação atual ainda é muito formal, de terno e gravata. É preciso ousar e reconectar-se com a população de maneira criativa e autêntica, como ocorreu nas campanhas do PT em 1989.”

    Castro Rocha também enfatizou o papel do próprio presidente Lula como principal comunicador do governo. “É indispensável que ele utilize cadeias nacionais de rádio e TV para explicar, de forma didática, as decisões do governo, como o impacto positivo do aumento do salário mínimo.”

    O avanço da extrema direita e a politização

    Ao abordar a extrema direita, o professor destacou sua capacidade de politizar esferas sociais e culturais, como conselhos tutelares e associações profissionais. Ele alertou para a necessidade de a esquerda recuperar o espaço perdido: “A extrema direita politiza até o cotidiano para despolitizar o macro. Precisamos tensionar o debate público e mostrar a diferença entre projetos de governo.”

    A proposta de Castro Rocha para o campo progressista envolve a criação de projetos concretos e mobilizadores, como o “Creche Brasil” e a ampliação da educação integral. Ele acredita que essas iniciativas podem reconstruir a conexão entre políticas públicas e a população.

    O convite à utopia concreta

    Ao encerrar a entrevista, Castro Rocha fez um apelo à construção de um projeto de nação. “O Brasil é um país bem-sucedido economicamente, mas ainda falta formar uma nação. Essa nação só será possível com uma reforma tributária justa, expansão do SUS e investimentos em educação e creches. Com essas ações, nunca mais a esquerda perderá eleições no Brasil.”

    A entrevista foi uma análise profunda dos desafios e oportunidades que se apresentam para o governo Lula em 2025, trazendo à tona a necessidade de ação corajosa e estratégica diante de um cenário político polarizado e complexo. Assista: 

     

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