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      “A escola pública tem a obrigação de promover a diversidade, a igualdade e a cultura de paz”, diz Elenira Vilela

      Denúncia de segregação racial em creche de Santa Catarina gera reação e expõe desafios na promoção da igualdade racial na educação

      (Foto: ABR | Divulgação)
      Dafne Ashton avatar
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      247 - Um caso de segregação racial em uma creche de São João Batista, Santa Catarina, levantou debates sobre o racismo estrutural no Brasil. Crianças negras e brancas foram alocadas em turmas separadas no Núcleo Infantil Cebolinha, conforme denunciado por um vereador da cidade. O caso gerou repercussão e levou a professora e sindicalista Elenira Vilela a discutir o episódio no programa Boa Noite 247.

      Segundo Vilela, a resposta da prefeitura não foi suficiente para esclarecer a situação. “Infelizmente, a postura da prefeitura é vergonhosa”, afirmou. A Secretaria Municipal de Educação justificou a formação das turmas alegando erros no preenchimento do censo escolar, o que, para a professora, apenas reforça a suspeita de um critério racial na organização das salas. “Eles disseram que algumas crianças preencheram o censo escolar errado e, por isso, estavam na turma errada. Mas o que isso significa? Que estavam organizando as turmas por raça?”, questionou.

      Com a repercussão, a prefeitura anunciou que consultaria os pais para definir a possibilidade de misturar as turmas. Para Vilela, a solução não resolve o problema. “Isso só confirma o problema! A escola pública tem a obrigação de promover a diversidade, a igualdade e a cultura de paz. Isso está na LDB, na Constituição! Perguntar para os pais se querem que seus filhos brancos estudem com crianças negras não é um caminho aceitável.”

      A cidade de São João Batista, localizada a pouco mais de 80 km de Florianópolis, tem um histórico de participação da comunidade negra, apesar de sua colonização alemã. De acordo com Vilela, mesmo sendo minoria, essa população conquistou espaços. “Mesmo sendo minoria, a população negra conseguiu conquistar espaços. Mas o suprematismo branco tem dessas coisas”, afirmou.

      Para a professora, a resposta da gestão municipal seguiu um padrão recorrente diante de denúncias de racismo. “Quando se veem pressionados, sempre apelam para o pacto narcísico da branquitude. Primeiro tentam justificar, depois tentam desacreditar a denúncia e, por fim, culpam o próprio denunciante”, disse.

      O caso está sendo acompanhado pelo Instituto Humaniza Santa Catarina e foi encaminhado ao Ministério Público para investigação. Para Elenira Vilela, a prefeitura precisa tomar medidas concretas para reparar o dano social causado. “Não basta dizer que foi um erro ou que não sabiam. É preciso promover o enfrentamento ao racismo de forma coordenada, coerente e com investimento. Caso contrário, essa marca vai pesar na história da cidade”, concluiu.

      O Coletivo de Combate ao Racismo da CUT-SC também se manifestou por meio de uma moção de repúdio. No documento, a entidade condena a separação de crianças por raça e destaca que episódios como esse são um reflexo da persistência de práticas discriminatórias no estado. Entre as medidas exigidas pelo coletivo estão a apuração rigorosa dos fatos e a punição dos responsáveis, bem como a implementação de políticas para combater o racismo no ambiente escolar. Assista: 

       

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