Estudante de medicina da Unoeste denuncia racismo e diz ter sido intimidada por colegas
O caso veio à tona após a universitária registrar um boletim de ocorrência relatando que foi abordada de forma agressiva por colegas
247 - A estudante Talita Araújo, de 32 anos, aluna do primeiro período de medicina na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), no Guarujá, litoral de São Paulo, denunciou ter sido vítima de racismo dentro do campus no último dia 18 de fevereiro. O caso veio à tona após a universitária registrar um boletim de ocorrência relatando que foi abordada de forma agressiva por colegas após publicar um vídeo em suas redes sociais. As informações são do portal Metrópoles.
No vídeo, Talita compartilhou sua experiência como “mulher negra, periférica, mãe solo, trabalhadora” e agora estudante bolsista do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) em uma faculdade particular. Sem citar nomes ou a instituição, ela refletiu sobre os desafios de ocupar um espaço que considera elitizado e a dificuldade de conciliar os estudos em período integral com seu trabalho como técnica de enfermagem.
A repercussão da postagem gerou um episódio de intimidação dentro da universidade. Segundo Talita, duas colegas de sala a abordaram “de forma agressiva”, alertando que ela “deveria tomar cuidado com o que fala, pois isso poderia se voltar contra ela”. Após esse primeiro confronto, a estudante relatou que foi cercada por um grupo maior de alunos nos corredores da faculdade. “A aglomeração era tamanha que eu não conseguia me deslocar”, disse.
Declarações consideradas racistas
Durante a discussão, uma das estudantes teria questionado Talita de maneira irônica: “Ela disse ‘você queria que a gente viesse pra faculdade mal vestido? Que a gente pintasse nossa pele de preto?’”. Para a universitária, a fala reforça uma visão racista ao associar a cor de sua pele a algo negativo.
Talita pediu acesso às imagens das câmeras de segurança à direção da universidade e afirmou que, apesar de ter recebido apoio emocional de alguns professores e colegas, a Unoeste não ofereceu suporte psicológico, mesmo dispondo do serviço.
Medidas adotadas pela universidade
A advogada Jéssica Souza, que representa Talita, informou que a líder de classe, apontada como uma das responsáveis pelo episódio, foi afastada da função nesta terça-feira (26). Ela destacou ainda que o regimento interno da Unoeste classifica práticas como “bullying, agressão verbal e física, exclusão social, espalhar rumores que possam prejudicar a imagem da pessoa, manipulação e coerção” como atos de indisciplina de natureza grave. “Isso por si só já caracteriza a situação que minha cliente enfrentou nas dependências da faculdade. Esses alunos devem ser punidos pelo que fizeram”, afirmou.
Em nota, a Unoeste declarou estar acompanhando o caso com atenção e responsabilidade, designando professores e psicólogos para apurar os fatos. Sobre a solicitação das imagens das câmeras de segurança, a instituição afirmou que “necessita de análise em cumprimento à legislação aplicável”.
Apesar das dificuldades, Talita reafirmou sua decisão de continuar os estudos. “Pensei muitas vezes em desistir do curso, mas com apoio da minha família e dos meus amigos, com apoio de pessoas negras que buscam conquistar um espaço em uma sociedade racista, decidi seguir em frente e conquistar esse grande sonho de cursar medicina”, declarou.
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