"A guerra contra o crime é publicitária, não combate o crime de verdade", diz Jacqueline Muniz
Especialista critica operações policiais midiáticas e expõe a fragilidade da segurança pública no Brasil em entrevista ao Boa Noite 247
Em entrevista ao programa Boa Noite 247, Jacqueline Muniz, cientista política e especialista em segurança pública, analisou o caos gerado por operações policiais no Brasil, particularmente no Rio de Janeiro. Para Muniz, o que está em prática não é segurança, mas "produção de insegurança". Ela explica que o fenômeno é impulsionado por uma "polícia ostentação", criada para exibir força sem resolver o problema. "Aquilo foi uma lambança, não passa no teste de operações policiais", afirmou sobre uma recente operação no Rio.
Muniz destacou que essa lógica de "guerra ao crime" é repetida em outros estados, como São Paulo, Bahia e Ceará, mas não traz resultados práticos: "A guerra ao crime se tornou uma ferramenta publicitária". Ela apontou que a banalização das operações aumenta a sensação de insegurança, com a polícia sendo incapaz de realizar um policiamento contínuo e efetivo. O resultado, segundo a especialista, é uma "governabilidade criminosa" que se consolida no país, com o crime controlando territórios e a população.
Muniz enfatizou ainda que o verdadeiro problema é político, e não técnico. "Governantes são reféns das espadas, ou seja, do poder policial que governa com pouca supervisão democrática", disse. Para ela, a solução passa pelo controle sobre o uso da força e a criação de mecanismos de responsabilização. No entanto, o atual modelo de atuação, baseado no medo e no espetáculo, segue rendendo dividendos eleitorais e perpetuando um ciclo de violência nas periferias.
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