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    "A guerra no Oriente Médio já é uma guerra generalizada", afirma professor Thomas de Toledo

    Em entrevista, o especialista explica como o conflito ultrapassou as fronteiras da Palestina

    (Foto: Divulgação | Reuters )
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    247 - A escalada do conflito no Oriente Médio atingiu proporções alarmantes e, segundo o professor Thomas de Toledo, já se tornou "uma guerra generalizada que envolve diversos atores regionais e globais". Em entrevista à TV 247, ele explicou que o conflito, inicialmente restrito à Palestina, agora inclui interesses estratégicos de potências como os Estados Unidos, Rússia, Irã e até a União Europeia. "Esse é um cenário em que todos têm algo a ganhar ou perder, e os civis acabam pagando o preço mais alto", afirmou o especialista, destacando a complexidade e gravidade da situação.

    Em uma ampla conversa com os jornalistas Mario Vitor Santos e Regina Zappa, Thomas de Toledo, doutor em arqueologia e especialista em desenvolvimento econômico, analisou o jogo estratégico em que potências regionais e globais disputam o controle geopolítico, energético e militar da região. "O Irã fez uma demonstração de força com seus recentes ataques, mas não buscou destruir alvos civis, o que indica uma estratégia de advertência", destacou Thomas de Toledo.

    De acordo com o especialista, a situação em Gaza, uma das áreas mais densamente povoadas do mundo, é particularmente cruel. O bloqueio de mais de 18 anos e os constantes bombardeios tornaram a vida praticamente insustentável para seus mais de dois milhões de habitantes. "O que Israel fez em Gaza é de uma brutalidade sem precedentes, com cidades arrasadas e hospitais destruídos, tornando a sobrevivência um desafio diário", pontuou.

    A crise humanitária é agravada pelo uso de armas proibidas, como fósforo branco e urânio empobrecido, e por uma política de deslocamento forçado que, segundo o professor, é deliberada para garantir maior controle territorial. "O urânio empobrecido, por exemplo, vai matando lentamente, causando câncer e infertilidade. É uma arma de destruição lenta, mas devastadora", explicou Thomas, destacando o impacto de longo prazo sobre a população civil.

    Israel, ao que tudo indica, está também interessado em explorar as vastas reservas de gás natural descobertas no litoral da Faixa de Gaza. Recentemente, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apresentou na ONU um mapa que sugere a construção de um gasoduto na região, apagando virtualmente a existência de Gaza. “O plano é claro: destruir Gaza para controlar essa fonte estratégica de energia que a Europa precisa, especialmente após a crise do gás com a Rússia”, afirmou o professor.

    Além da questão econômica, o conflito envolve interesses estratégicos maiores. A Rússia, que apoia a Síria, se posiciona contra a fragmentação da região, enquanto os Estados Unidos mantêm uma coalizão de apoio a Israel, alinhada com monarquias do Golfo como a Arábia Saudita. “Essa guerra já ultrapassou as fronteiras palestinas. Estamos diante de um conflito regional que envolve múltiplos atores e interesses, inclusive das potências globais, como EUA e Rússia, além da União Europeia, que está de olho no gás natural de Gaza”, disse o professor.

    Ao final da conversa, Thomas de Toledo destacou a importância de compreender que, por trás dos números e das estratégias militares, há um drama humano de proporções catastróficas. "Gaza não existe mais como antes, e a quantidade de vítimas, entre mortos e feridos, é incalculável. São homens, mulheres e crianças sem acesso a cuidados médicos, sem casa, sem esperança", concluiu o especialista, alertando para a urgência de uma solução diplomática.

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