“A premissa do sionismo é o genocídio, é chegar a uma Palestina sem palestinos”, diz Ualid Rabah
Presidente da FEPAL critica ações promovidas pelos EUA e Israel em Gaza e questiona a atuação do governo brasileiro
247 – Em entrevista ao jornalista Leonardo Sobreira, editor da TV 247, no programa Boa Noite 247, o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), Ualid Rabah, classificou a ofensiva de Israel contra Gaza como um verdadeiro genocídio, comparando a violência imposta aos palestinos a uma “solução final”. Segundo ele, o bombardeio sistemático e a destruição de hospitais, ambulâncias e infraestrutura civil demonstram a intenção de “chegar a uma Palestina sem palestinos”.“Estamos vivendo o primeiro Holocausto televisionado, a primeira solução final televisionada — e, não por acaso, é ocidental”, declarou Rabah, ao comentar o ataque israelense contra um comboio de ambulâncias identificadas, em que médicos foram assassinados a sangue frio. O episódio foi negado inicialmente por Israel e depois admitido como um “erro militar”.De acordo com o presidente da FEPAL, o saldo da ofensiva israelense contra serviços de saúde é alarmante: “Já são 1.394 profissionais da saúde mortos, mais de 500 presos e outros milhares gravemente feridos ou mutilados. Isso é uma política de Estado. A tentativa de promover uma ‘solução final’ em Gaza requer destruir hospitais, exterminar profissionais de saúde, Defesa Civil, ONU, escolas, clínicas e impedir a entrada de ajuda humanitária”.Rabah criticou os acordos de normalização entre países árabes e Israel, impulsionados pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para ele, tais pactos não contam com apoio popular e ignoram o longo histórico de violência contra o povo palestino. “A população marroquina talvez seja a mais pró-palestina de todas. Esses acordos não mudam a opinião pública”, afirmou, comentando os protestos em massa realizados em Rabat, no Marrocos.Ele também denunciou que Gaza foi transformada em um verdadeiro campo de extermínio, onde o poder de fogo lançado desde 7 de outubro de 2023 superaria em quatro vezes o da bomba de Hiroshima, destruindo 92% das residências e 75% da infraestrutura local. “Isso é parte de um projeto genocida”, reforçou.Outro ponto crucial abordado foi a importância econômica da Faixa de Gaza, especialmente por suas reservas de gás natural. “A ocupação da cidade de Rafah amplia a área de segurança e isola a região norte — onde estão as duas reservas que Israel chama de Tamar e Tamar 2. Em maio de 2023, palestinos assinaram um acordo com o Egito para explorar essas reservas, o que lhes traria autonomia energética. Isso significaria desenvolvimento para a Palestina. E foi isso que Israel quis impedir”, explicou Rabah.
Assassinato de um brasileiro
O assassinato do jovem brasileiro-palestino Ali Ahmad dentro de uma prisão israelense também foi mencionado. Rabah relatou que a FEPAL já cobrou providências do governo brasileiro e descreveu as condições desumanas em que Ahmad morreu. “Ele morreu de fome, sede e espancamento. Hoje há mais onze brasileiros-palestinos presos. Muitos são menores. Estão submetidos à tortura. A pergunta é: o Brasil vai manter relações com um regime acusado de genocídio, apartheid e colonialismo?”Para Rabah, a resposta do Itamaraty, que se limitou a convocar o embaixador de Israel para esclarecimentos, é insuficiente. O presidente da FEPAL relembrou que o Brasil se posicionou contra o apartheid sul-africano e questionou por que não faz o mesmo em relação a Israel, acusando o governo de ser conivente. “Há cidadãos brasileiros que servem ao exército israelense e participam diretamente do massacre. Já notificamos o Itamaraty. O Brasil é signatário de convenções internacionais sobre crimes de guerra. Isso tem que ter um custo”, disse.Por fim, Rabah criticou a islamização da resistência palestina, defendendo uma pauta laica, nacional e democrática. “Sou contra a ideia de ‘resistência islâmica’. Cristãos não têm resistência? A islamização da resistência serve ao projeto israelense de fragmentar os países árabes em microestados fanáticos. O Estado Islâmico é isso. E Israel quer ser a supremacia judaica no Oriente Médio. Por isso, precisa que seus vizinhos também sejam teocráticos”.Segundo ele, o caminho para a Palestina passa pela construção de um Estado laico, democrático e aberto a todas as crenças e comunidades. “Defendo um Estado laico, democrático, com eleições, parlamento, direitos civis. Recuso o pensamento monárquico e o clericalismo governamental. Essa é a posição histórica do movimento nacional palestino”, concluiu. Assista:
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