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"As esquerdas no Brasil e na França não podem abraçar a direita neoliberal", diz Paulo Nogueira Batista Júnior

Resultado das eleições na França expressa claramente a rejeição ao neoliberalismo

(Foto: Brasil247 | Reuters)

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247 – Em uma entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o economista Paulo Nogueira Batista Júnior comentou sobre o resultado das recentes eleições na França e seus impactos na política global, especialmente no contexto do neoliberalismo e da atuação das esquerdas. Segundo ele, o resultado eleitoral na França foi significativo por impedir o avanço da extrema-direita, mas merece uma análise mais aprofundada.

"O resultado eleitoral na França foi muito positivo por impedir o avanço da extrema-direita. Mas precisamos avaliar com mais cuidado", afirmou Batista Júnior. Ele ressaltou a importância de diferenciar as vitórias eleitorais reais das aparentes, mencionando o caso do trabalhismo na Inglaterra. "O que foi a vitória do trabalhismo na Inglaterra? Foi uma vitória real ou não a vitória de Keir Starmer?", questionou.

Para o economista, Jean-Luc Mélenchon representa uma verdadeira renovação na França, ao contrário da direita tradicional que tenta se posicionar como centro, mas possui um programa mais próximo da extrema-direita. "Na França, Jean-Luc Mélenchon de fato parece ser uma renovação real. A direita tradicional, que tenta se colocar como centro, é mais próxima da extrema-direita em seu programa", observou.

Batista Júnior destacou que uma grande parte da sociedade francesa está descontente tanto com a esquerda como com a direita globalista. Ele criticou a política da OTAN, que, segundo ele, está prejudicando a Europa e a França. "A política da OTAN está enterrando a Europa e a França", afirmou.

O desafio, de acordo com Batista Júnior, é verificar se a esquerda conseguirá implementar um programa fortemente antineoliberal. Ele alertou que as esquerdas na França e no Brasil não podem se aliar à direita neoliberal. "As esquerdas na França e no Brasil não podem abraçar a direita neoliberal. E isso vale para o Brasil. O problema aqui é o mesmo", enfatizou.

Governo infestado de neoliberais

Sobre o governo Lula, Batista Júnior foi crítico ao apontar a presença de neoliberais em posições chave. "O governo Lula precisa se afastar dos neoliberais. A direita tem muita capacidade de cooptação. O governo Lula está infestado de adversários e de neoliberais", alertou. Ele mencionou especificamente os ministérios do Planejamento, assim como setores da Fazenda, Desenvolvimento e Itamaraty. "Todo o segundo escalão do Planejamento e a própria ministra [Simone Tebet] são neoliberais. Na Fazenda, no Desenvolvimento e no Itamaraty, há muitos neoliberais", concluiu.

As palavras de Paulo Nogueira Batista Júnior ressaltam a necessidade de uma postura firme das esquerdas contra o neoliberalismo tanto na Europa quanto no Brasil, reforçando a importância de uma agenda que realmente represente os interesses populares e se distancie das políticas neoliberais que, segundo ele, têm causado danos significativos às sociedades. Assista:

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