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    "Barbárie precisa ser combatida com o fortalecimento das instituições democráticas", diz Belluzzo

    Economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo reflete sobre ética militar, financeirização e os desafios da democracia brasileira

    Belluzzo e os 'descaminhos da virtude' (Foto: 247)

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    247 – O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp e uma referência no debate sobre economia e política no Brasil, concedeu uma entrevista ao canal Tutaméia no dia 22 de novembro. Durante a conversa, Belluzzo abordou temas centrais para o momento político e econômico do país, como o comportamento de militares indiciados pela tentativa de golpe, a financeirização do capitalismo e os desafios do governo Lula frente à reindustrialização.Autor do recém-lançado Avenças e Desavenças na Economia, em parceria com Nathan Caxeta, Belluzzo destacou a urgência de fortalecer as instituições democráticas para enfrentar o que classificou como uma “barbárie” presente em setores da sociedade.

    A conversa começou com reflexões sobre os recentes indiciamentos de militares pela Polícia Federal, acusados de participarem de planos golpistas contra o governo. Belluzzo foi enfático ao defender a ética militar e o compromisso das Forças Armadas com os princípios republicanos. "O monopólio da força deve ser exercido com muito cuidado e respeito pelas liberdades individuais. Infelizmente, o que estamos observando agora não é um percalço da civilização, mas uma barbárie que precisa ser combatida com o fortalecimento das instituições democráticas", declarou.

    Ele também relembrou momentos históricos, como a demissão do general Sylvio Frota pelo presidente Ernesto Geisel, para ilustrar os desafios de manter a disciplina nas Forças Armadas. "Há precedentes preocupantes, mas a sociedade brasileira precisa exigir que seus militares respeitem as funções públicas que exercem", afirmou.

    A financeirização e seus impactos

    Outro tema importante abordado na entrevista foi a financeirização da economia global, que Belluzzo definiu como uma expressão da essência do capitalismo contemporâneo. "A financeirização não é uma deformação, mas a realização do capitalismo. Ela concentra ainda mais poder e recursos nas mãos de poucos, ampliando as desigualdades sociais e econômicas", explicou.

    Ele destacou que essas dinâmicas têm consequências graves, especialmente em países periféricos, como o Brasil, que se tornam reféns de pressões externas. "O capitalismo, em sua autotransformação, perpetua desigualdades estruturais. Isso é algo que não podemos ignorar", completou.

    Governo Lula e a reindustrialização

    Quando questionado sobre o governo Lula, Belluzzo elogiou os esforços para a reindustrialização do país, mas ponderou que os avanços ainda são incipientes. Ele ressaltou a importância de políticas públicas robustas e de uma postura estratégica na geopolítica global. "O Brasil precisa aproveitar as sinergias criadas por parcerias como as do G20, mas também manter distância estratégica das grandes potências para preservar seus próprios interesses", disse.

    Belluzzo apontou que a reindustrialização brasileira ainda está em seus "prolegômenos", mas destacou a necessidade de o país seguir exemplos internacionais, como o dos Estados Unidos, que utilizam o investimento público como motor do desenvolvimento econômico.

    Reflexões e combate ao dogmatismo econômico

    Encerrando a entrevista, Belluzzo falou sobre seu novo livro, Avenças e Desavenças na Economia, que será lançado na Livraria Martins Fontes, em São Paulo. A obra, segundo ele, busca questionar dogmas econômicos e oferecer uma visão crítica sobre o capitalismo contemporâneo. "A economia, muitas vezes, é tratada como uma religião, com dogmas que precisam ser enfrentados. Este livro é um convite ao pensamento crítico e ao combate a crenças que justificam a desigualdade", concluiu. Assista:

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