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Chamorro: "o México nos ensinou que é possível governar com simplicidade e ser querido pelo povo"

Amauri Chamorro analisa os desafios que Claudia Sheinbaum enfrentará ao assumir a presidência do México, herdeira do legado de López Obrador

(Foto: Reprodução | Reuters )

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247 – Nesta semana, Claudia Sheinbaum foi empossada como a primeira mulher presidenta do México em 2024, sucedendo a Andrés Manuel López Obrador. Em entrevista ao *Boa Noite 247*, o analista político Amauri Chamorro examinou os principais desafios que a nova líder enfrentará ao herdar o legado da Quarta Transformação, projeto político iniciado por Obrador, que transformou o país nos últimos seis anos.

Chamorro destacou que a eleição de Sheinbaum representa uma continuidade dos avanços econômicos e sociais que tornaram López Obrador um dos presidentes mais populares da história recente do México. “Ele deixou o governo com 68% de aprovação, o segundo presidente mais bem aprovado do México”, observou. Essa popularidade se baseou, em parte, na habilidade de Obrador em se conectar diretamente com o povo, utilizando as redes sociais como uma ferramenta de comunicação eficaz.

Entretanto, Sheinbaum herdará um México repleto de problemas estruturais, especialmente aqueles relacionados ao narcotráfico e à violência. “O Estado mexicano não tem capacidade de enfrentamento”, afirmou Chamorro, sublinhando que o controle exercido pelos cartéis sobre o território mexicano é uma realidade difícil de ser combatida. “Nem os Estados Unidos conseguem enfrentar isso. A Cláudia vai lidar com o fato de que o Estado mexicano não tem capacidade de enfrentamento militar ao narcotráfico.”

A relação econômica entre o México e os Estados Unidos também foi um ponto crucial da entrevista. Chamorro destacou que, nos últimos anos, o México se tornou um grande polo industrial para os EUA. “O mercado mexicano não envolve só uma questão comercial, mas também há uma pressão política muito grande dos Estados Unidos sobre o México”, explicou. Essa dependência tem implicações diretas na autonomia política do país e na capacidade de Sheinbaum de navegar esses desafios.

Apesar dos obstáculos, a ex-prefeita conta com uma base política sólida, construída ao longo do governo de López Obrador e através do partido Morena, que atualmente controla a maioria das prefeituras, governos estaduais e o Congresso Nacional. Chamorro ressaltou a importância dessa rede de apoio: “Esse é o tipo de base partidária que falta no Brasil”.

Ao comparar Claudia Sheinbaum e Dilma Rousseff, Chamorro foi enfático: “Não há possibilidade de comparação entre elas. A Claudia foi o braço direito de López Obrador, enquanto Dilma não tinha essa proximidade com Lula desde o começo.” Ele também destacou as diferenças em suas formações políticas, ressaltando que Sheinbaum tem um histórico acadêmico em energia e meio ambiente, enquanto Rousseff veio de uma trajetória marcada pela luta armada e resistência política.

A nova presidenta do México enfrenta um cenário desafiador, mas possui uma base de apoio popular e uma estrutura partidária consolidada. Seu governo será desafiado a lidar com questões profundas de segurança e a equilibrar as relações comerciais e políticas com os Estados Unidos, enquanto busca continuar o desenvolvimento traçado por López Obrador.

Amauri Chamorro enfatizou a importância de manter a conexão com o povo e o legado de López Obrador: “O México nos ensinou que é possível governar com simplicidade e ser querido pela população, mesmo enfrentando desafios gigantescos, como o narcotráfico e o poder dos Estados Unidos”. Assista:

 

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