Ciro Darlan: "A ausência de amor ao próximo, a ganância e o preconceito destroem a sociedade
Em entrevista a Hildegard Angel, o juiz aposentado fala sobre sua trajetória de vida, enfrentamento ao sistema punitivista e sua visão sobre o Judiciário
247 - Ciro Darlan, juiz aposentado e ex-desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, revisitou sua trajetória de vida e carreira em uma entrevista reveladora para a jornalista Hildegard Angel, na TV 247. Entre memórias pessoais e profissionais, ele compartilhou experiências marcadas por sua luta contra um Judiciário punitivista, que o perseguiu até sua controversa aposentadoria compulsória, ordenada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Darlan, natural de Cajazeiras, na Paraíba, cresceu enfrentando adversidades. Filho de uma mãe costureira que fugiu de um casamento abusivo, ele encontrou na educação sua principal ferramenta de transformação. "Minha mãe criou quatro filhos com dignidade, mesmo com tantas dificuldades. Quem sofre se torna mais solidário", afirmou.
Carreira no Judiciário: Justiça para além das sentenças
Durante sua carreira, Darlan consolidou uma postura de proteção aos direitos humanos. Destacou-se na Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, aplicando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) com firmeza, enfrentando poderosos interesses econômicos e midiáticos. Um dos casos mais emblemáticos envolveu a proibição de uma cena da novela Laços de Família, da Rede Globo, que expunha uma criança a situações de extrema violência emocional. "Eu sabia o que estava fazendo. Minha decisão foi para proteger a criança", defendeu.
Darlan também lembrou sua luta pela dignidade no sistema prisional, uma de suas bandeiras mais persistentes. “O maior crime da sociedade brasileira é o sistema penitenciário. Não sou a favor da impunidade, mas das penas humanas e reabilitadoras.” O juiz fundou a Academia Brasileira de Letras do Cárcere, que reúne presos e ex-presidiários autores de livros transformadores.
Perseguição e queda: Acusações infundadas e o “lawfare” judicial
O magistrado relatou sua destituição no auge da Operação Lava Jato, que, segundo ele, se tornou uma ferramenta de perseguição política e manipulação midiática. “Foi uma conspiração para entregar a soberania brasileira. O Judiciário, usado como arma, passou a condenar sem provas.”
Darlan foi acusado de vender sentenças, apesar de sua situação financeira simples e sua vida marcada pela defesa das garantias constitucionais. Ele atribui seu afastamento a uma campanha difamatória. “Apresentei todos os meus registros financeiros, que demonstraram que saí da magistratura mais pobre do que entrei.”
Uma vida dedicada à justiça social
Apesar das adversidades, Darlan mantém esperança na transformação social por meio da educação e de uma Justiça verdadeiramente equitativa. Ele elogiou políticas públicas educacionais pioneiras, como as escolas de tempo integral implementadas por Leonel Brizola e Darcy Ribeiro.
O juiz também lembrou parcerias com figuras emblemáticas como Joãozinho Trinta, cuja “Fábrica da Esperança” resgatou crianças abandonadas através da arte carnavalesca. A solidariedade de pessoas como a educadora Ivone Bezerra de Mello foi outro ponto de destaque: “Ela é uma verdadeira santa laica, que vive para cuidar das crianças invisíveis.”
Uma mensagem de resiliência e esperança
Darlan concluiu a entrevista com uma reflexão sobre a importância da luta constante pela justiça, mesmo diante das maiores adversidades. "A ausência de amor ao próximo, a ganância e o preconceito destroem a sociedade, mas resistir é a única forma de sobreviver."
Seu mais recente livro, Perdoai, Eles às Vezes Não Sabem o que Fazem, promete expor os bastidores de sua perseguição judicial, reforçando a luta por um Brasil mais justo e humano. Assista:
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