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    "Dólar se torna moeda arriscada e pouco confiável", diz Paulo Nogueira Batista Júnior

    Ex-vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento alerta para os riscos da dependência do dólar

    (Foto: ABR | Reuters )

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    247 – Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o economista Paulo Nogueira Batista Jr., cofundador e ex-vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do BRICS, fez duras críticas à hegemonia do dólar no cenário financeiro global. Ele alertou que a moeda americana se tornou "perigosa e pouco confiável", especialmente devido ao seu uso como ferramenta política pelos Estados Unidos.

    Segundo Batista Jr., “o dólar se transformou em uma arma, um instrumento usado para sancionar países considerados hostis pelos americanos. Isso adiciona um risco político significativo para quem depende da moeda nas transações internacionais.” Ele destacou que esse cenário impõe uma necessidade urgente de repensar o sistema financeiro global, especialmente para os países emergentes.

    O economista, que também foi diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI) por oito anos, sugeriu que o BRICS deve avançar com a ideia de criar uma nova moeda de reserva para transações internacionais. "O BRICS fala muito em desdolarização, mas é curioso notar que o Novo Banco de Desenvolvimento ainda opera essencialmente com dólares. Uma nova moeda de reserva acabaria com as limitações e riscos gerados pelo sistema atual", defendeu ele.

    Desafios para o BRICS

    Com o Brasil assumindo a presidência rotativa do grupo em 2025, Batista Jr. destacou que será o momento ideal para aprofundar as discussões sobre a desdolarização. “O Brasil, como presidente, deve liderar as discussões sobre um sistema alternativo de pagamentos internacionais. Não se trata apenas de evitar o dólar, mas também de criar uma nova arquitetura financeira global.”

    Ele também ressaltou que, a partir de 2025, a presidência do banco do BRICS passará para a Rússia, o que traz novos desafios e oportunidades. “O próximo presidente deve ser alguém com uma visão clara de como o banco pode ser uma alternativa real ao Banco Mundial e ao FMI.”

    Expansão do BRICS: novos membros, novos desafios

    Com a adesão de novos membros ao BRICS, como Irã, Egito e Emirados Árabes Unidos, Batista Jr. advertiu sobre a necessidade de uma expansão bem estruturada. “Minha preocupação é que a expansão desordenada transforme o grupo em uma plataforma de discursos, sem ações práticas. É fundamental garantir que o BRICS continue sendo uma força construtiva em um mundo multipolar.”

    Batista Jr. concluiu sua análise com um apelo para que os países do BRICS trabalhem juntos na criação de um sistema de pagamentos alternativo, que reduza a dependência do dólar e do sistema financeiro ocidental. "É um passo necessário para que possamos ter um mundo financeiro mais equilibrado e menos vulnerável às flutuações políticas de uma só nação", finalizou.

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