“Estamos caminhando para um acordo neocolonial”, diz Paulo Nogueira Batista Junior
O economista Paulo Nogueira Batista Jr classifica o acordo Mercosul/União Europeia como um erro estratégico do governo Lula
247 - Em vídeo enviado à TV 247, o economista Paulo Nogueira Batista Junior fez duras críticas ao acordo comercial entre o Brasil e a União Europeia. Segundo ele, mesmo após ajustes promovidos pelo governo Lula, o pacto permanece prejudicial para o país, reforçando uma lógica de subordinação econômica semelhante à vivida nos períodos colonial e pós-colonial.
“O governo fez algumas mudanças importantes para controlar prejuízos, mas o acordo ainda é muito desfavorável para o Brasil”, declarou Batista Junior. Ele advertiu que as concessões feitas pelo país colocam sua indústria em uma posição de vulnerabilidade extrema diante de corporações europeias, principalmente as alemãs, que contam com financiamentos e economias de escala superiores.
Risco de desindustrialização
Para o economista, a maior ameaça está na abertura indiscriminada do setor industrial brasileiro. “Como falar em reindustrialização se o governo está entregando nosso mercado industrial a uma concorrência desleal?”, questionou. Ele destacou que o Brasil, após décadas de desindustrialização, pode enfrentar um novo ciclo de enfraquecimento econômico, o que ele chamou de “neo-desindustrialização”.
Batista Junior ainda destacou que o mundo está se afastando de práticas neoliberais, enquanto o Brasil parece seguir na direção oposta. “Ideologias que estão morrendo em outras partes do mundo vêm encontrar refúgio aqui”, criticou, lembrando a famosa frase de Millôr Fernandes.
Perda de soberania comercial
Outro ponto levantado foi a possível perda de soberania nas compras governamentais e na formulação de políticas industriais. Embora algumas cláusulas do acordo tenham sido ajustadas para minimizar esses impactos, Batista Junior alerta que as concessões feitas continuam significativas.
“A lógica do acordo beneficia o setor primário exportador e prejudica nossa indústria”, avaliou, destacando que o pacto não contempla salvaguardas suficientes para proteger empresas brasileiras de setores estratégicos.
Esperança externa
Diante desse cenário, Batista Junior sugeriu que uma possível saída para evitar a implementação do acordo seja a resistência de países europeus. Ele mencionou a França como um dos principais opositores ao tratado em sua forma atual. “Ficamos na posição desconfortável de depender da rejeição de outras nações, como se ainda fôssemos uma colônia”, lamentou.
Futuro incerto
Para o economista, o Brasil precisa urgentemente rever sua estratégia comercial e fortalecer sua política externa para evitar ser “engolfado por uma teia de acordos neoliberais”. Caso contrário, alerta ele, o país estará preso a compromissos internacionais que podem comprometer seu desenvolvimento econômico pelos próximos anos.
A crítica de Paulo Nogueira Batista Junior ecoa preocupações mais amplas sobre a condução da política externa brasileira e reforça o debate sobre os rumos que o país deve tomar em suas negociações internacionais. A resposta do governo Lula a essas observações ainda não foi oficialmente divulgada. Assista:
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