"Há hoje no seio do PT uma corrente liberal forte", diz Breno Altman

247 - O jornalista Breno Altman afirmou que existe uma corrente liberal forte dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) e do governo federal, o que, segundo ele, pressiona a legenda a se deslocar para o centro político. A declaração foi feita durante sua participação no programa Bom Dia 247, onde Altman analisou o cenário político e econômico do país.

"Há hoje no seio do PT uma corrente liberal forte", destacou Altman, alertando para a influência desse grupo nas decisões do governo e nas estratégias políticas adotadas pelo partido. Ele criticou a falta de um debate mais amplo dentro do PT sobre medidas econômicas, como o pacote fiscal, que, segundo ele, foi anunciado sem a devida participação da legenda.

Altman também apontou contradições no discurso do partido em relação à defesa dos trabalhadores. "O PT se posiciona publicamente contra o centrismo, mas ao mesmo tempo apoia medidas no Congresso que podem reduzir direitos da classe trabalhadora", afirmou. Para ele, esse descompasso afasta o partido de sua base histórica e fortalece a posição do centrão no Parlamento.

Na avaliação do jornalista, o governo Lula enfrenta dificuldades para comunicar sua agenda desenvolvimentista e recuperar o apoio da base social que garantiu sua eleição. "Apesar de indicadores econômicos positivos, a percepção de melhora na vida da população é lenta", explicou. Ele destacou que a diferença de intenções de voto entre Lula e seus adversários diminuiu, especialmente entre eleitores de baixa renda no Nordeste.

Para Altman, um dos principais desafios do governo é lidar com a influência crescente do centrão, que se tornou um dos principais obstáculos para avanços na agenda progressista. "O centrão se apossou do Parlamento", afirmou, reforçando que o governo precisará decidir entre manter as negociações e concessões ou partir para um enfrentamento programático mais contundente.

O jornalista defendeu que o PT precisa resgatar seu projeto histórico e resistir à influência do capital financeiro na condução das políticas econômicas do país. "Apoiar e pressionar o governo não são atitudes contraditórias, mas complementares para fortalecer a gestão e garantir avanços para a classe trabalhadora", concluiu. Assista: