Lejeune Mirhan: "O BRICS é o epicentro da multipolaridade"
O sociólogo analisa a política externa dos EUA e destaca o papel central do BRICS na multipolaridade global
247 - Em entrevista concedida ao programa Boa Noite 247, o sociólogo Lejeune Mirhan analisou questões geopolíticas centrais, com foco nos Estados Unidos, na política externa de Joe Biden e no papel do BRICS como bloco de resistência ao imperialismo ocidental. A entrevista ocorreu em meio a debates sobre a expansão do BRICS e a desdolarização mundial.
Lejeune abordou, inicialmente, a complexidade da disputa política nos Estados Unidos, com base em notícias recentes da Reuters, que apontavam uma disputa apertada entre a candidata democrata e Donald Trump. Apesar das dificuldades, ele afirmou que "ainda continua acreditando na vitória" da candidata, mas que a política externa dos EUA, sob Joe Biden, tem sido desastrosa. Segundo o sociólogo, a candidata democrata tem enfrentado perdas eleitorais por não se distanciar suficientemente dessa agenda, enfatizando: "Ela não se diferencia um milímetro dessa desastrosa política externa do Biden."
Mirhan lembrou ainda que a expectativa geral era que Biden revertesse as medidas mais extremas de Trump, mas isso não aconteceu, sobretudo em questões como o acordo nuclear com o Irã, estabelecido em 2015. "Quando Biden tomou posse, todos esperavam que ele fosse voltar ao acordo de Obama. Mas ele não voltou e ainda quis complicar ao discutir novas cláusulas", afirmou.
A discussão também passou pelo papel do BRICS, bloco que, segundo Mirhan, representa hoje o "epicentro da multipolaridade" no cenário global. O Brasil, no entanto, tem adotado uma postura cautelosa em relação à expansão do grupo. Notícias recentes indicavam que o governo brasileiro vetou o ingresso da Venezuela e da Nicarágua, o que gerou críticas dentro do bloco. Mirhan apontou que a reunião oficial do BRICS ainda não começou formalmente, sendo precedida por costuras bilaterais e contatos nos bastidores.
O sociólogo ressaltou a importância do BRICS como instrumento de resistência ao imperialismo ocidental e de contenção do poder dos Estados Unidos. "O BRICS, antes mesmo da ampliação, já era o maior bloco em termos de território, PIB e população. Agora, com a entrada de novos membros como Irã, Egito, Emirados Árabes e Etiópia, o bloco se fortalece ainda mais", explicou Mirhan.
Além disso, ele destacou a relevância da discussão sobre a desdolarização mundial, tema central na reunião do BRICS. "O dólar já é uma moeda perigosa, uma moeda tóxica", afirmou, citando que a China possui 3,3 trilhões de dólares aplicados em títulos do Tesouro dos EUA. Segundo ele, o movimento de diversificação monetária entre os países membros do BRICS, utilizando moedas locais nas trocas comerciais, já é um passo importante rumo à independência do dólar.
Mirhan encerrou sua participação destacando a urgência de fortalecer o BRICS como mecanismo de defesa da soberania dos países em desenvolvimento frente às pressões externas. Para ele, o bloco "é o instrumento da contenção do Império", e essa estratégia deve ser intensificada, sem a necessidade de rompimentos abruptos com os EUA, mas com uma postura mais autônoma em relação à influência de Washington.
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