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    Martonio Mont’Alverne, um dos observadores da eleição na Venezuela, diz que pleito foi seguro e tranquilo

    O jurista percorreu ruas e locais de votação ouvindo os eleitores e disse que o clima era de polarização, mas nada que justificasse o desfecho de 12 mortes

    Martonio Mont'Alverne (Foto: Divulgação)

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    247 - As eleições para a escolha do presidente da Venezuela estão longe de ter um desfecho. Presente ao pleito como observador, na qualidade de membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), o professor da Universidade Federal de Fortaleza, Martonio Mont'Alverne Barreto Lima, doutor pela Universidade de Frankfurt, falou ao programa “Denise Assis Convida”, do 247. Na entrevista o professor descreve o método adotado pela Venezuela para o seu pleito e conta como testemunhou a predisposição da oposição daquele país para não aceitar o resultado, antes mesmo da eleição acontecer.

    “Qualquer que fosse o resultado que saísse do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), seria contestado por eles. A oposição anunciou antes que haveria ‘fraude’ e que, portanto, só aceitaria a vitória do grupo liderado por Maria Corina”, revelou Barreto Lima.

    Segundo o professor, a votação transcorreu em clima de total tranquilidade. Assim que recebeu a sua credencial de observador pelo CNE, fez questão de circular pela cidade de Caracas e conversar com populares, tanto os apoiadores de Maduro quanto os da oposição. Não viu, conforme relatou na entrevista, nenhuma animosidade. As filas que se formaram nas várias seções eleitorais foram longas, porque a presença do público foi de 59%, e houve alguma demora, mas nada que denotasse problemas. “Lá, como aqui, os ânimos estavam acirrados, mas fora um empurrão ou outro, como acontece também nas eleições no Brasil, tudo estava dentro da normalidade”, descreveu.

    A alteração, de acordo com o que nos contou, só começou a acontecer na segunda-feira, após o anúncio pelo CNE do resultado. “O Conselho já estava de posse de 100% dos votos. O presidente nos garantiu, e nós testemunhamos, mas com o ataque de hackers ocorrido na Macedônia do Norte, conforme foi investigado, ele preferiu divulgar apenas os resultados que já tinham sido transmitidos pelo sistema até então.”

    Perguntado se isso não teria contribuído para a série de mal-entendidos que se seguiu, Barreto Lima repisa a opinião que já havia emitido antes: “Pode ser que ele (o presidente do CNE) devesse ter esperado os 100%, ou talvez tenha acertado em divulgar em cima do que já havia apurado, mas nada mudaria a predisposição do outro lado. Já estava decidido que a oposição não poderia ser derrotada.” Sua opinião é calcada na pressão feita pela mídia nacional e internacional, além de instituições que foram para a Venezuela acompanhar o pleito, como a OEA, que não foi convidada e tampouco era bem-vinda, na sua opinião. “Não é uma instituição séria. Vejam o que eles fizeram na Bolívia, uma eleição que depois se constatou, foi limpa.”

    O professor admite que o Centro Carter foi uma das instituições presentes à votação, por solicitação do governo Maduro. Ainda assim, ela levantou suspeitas de “fraude” no pleito, o que Barreto Lima justifica: “Há 12 anos eles estiveram na Venezuela acompanhando a eleição e saíram dizendo que era um sistema seguro. Atestaram isso. Por que a mudança, agora?”, questionou. Tendo acompanhado tudo de perto, Martonio Barreto Lima está convencido de que, com toda a documentação vindo a público – atas e boletins de apuração –, tudo será esclarecido. “Fez bem o governo brasileiro de se posicionar dessa forma. Estou certo de que depois disso o presidente Lula, que é um democrata, vai reconhecer a vitória de Nicolás Maduro”, concluiu.

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