"Não vai ter volta": Lejeune Mirhan alerta sobre genocídio em Gaza e avanço da extrema direita com Trump
Analista internacional denuncia reocupação de Gaza, apoio dos EUA a Israel e expansão sionista sem precedentes
247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o sociólogo e especialista em Oriente Médio Lejeune Mirhan fez uma análise contundente sobre a situação na Faixa de Gaza, alertando para o agravamento do genocídio palestino e a impossibilidade de um cessar-fogo real. Segundo ele, "não vai ter volta", pois a política expansionista de Israel, aliada ao apoio renovado de Donald Trump, aponta para uma escalada sem precedentes do conflito. "O massacre começou e agora é definitivo. Netanyahu não queria parar e agora, com Trump, ele tem aval total para continuar", declarou.
Lejeune destacou que a breve trégua que ocorreu no conflito foi estratégica para Israel e não um movimento real em direção à paz. "Aquela primeira fase do cessar-fogo foi necessária porque Biden precisava disso para tentar minimizar o desastre do seu governo. Já Trump precisava desse cenário para se posicionar dizendo: ‘eu acabei com isso’", afirmou. No entanto, segundo ele, Netanyahu não queria essa pausa. "Ele foi forçado a aceitar. Precisava de um refresco para se rearmar e reabastecer seus sistemas de defesa”.
Reocupação de Gaza e avanço militar israelense - Mirhan alertou para o fato de que Israel retomou sua ocupação em diversas áreas de Gaza, intensificando os bombardeios e aumentando as mortes diárias. "O massacre voltou. Eles já reocuparam o corredor de Netzarim e entraram em Rafah, na fronteira com o Egito. A cada dia, são 400 mortos, já ultrapassamos a marca de 1,4 mil em poucos dias", relatou.
O especialista destacou que Gaza, uma área de cerca de 360 km², vem sendo alvo de bombardeios incessantes. "Imagina uma região do tamanho de Americana a Campinas sendo bombardeada por 100 aviões ao mesmo tempo, soltando toneladas de bombas diariamente em uma área já devastada", comparou. Apesar disso, ele ressaltou a resiliência do povo palestino: "mesmo sem infraestrutura, já estavam tentando reconstruir, pedra sobre pedra, tijolo sobre tijolo. Mas Israel não permite isso, porque seu projeto é a eliminação total do povo palestino."
Trump, Netanyahu e a consolidação do projeto sionista - Segundo Mirhan, a chegada de Donald Trump ao poder nos EUA fortalece ainda mais os planos expansionistas de Israel. "Trump deu carta branca. Netanyahu ligou para ele e a resposta foi: ‘tudo bem, pode matar à vontade’. Agora, temos um sionista cristão na Casa Branca, o que legitima o massacre", afirmou.
O especialista destacou que, apesar de o sionismo ser historicamente um movimento secular, ele se apoia em mitos religiosos para justificar sua expansão. "A ideia do ‘Grande Israel’ é um mito bíblico jamais comprovado. Não há um único vestígio arqueológico que prove a existência do império descrito no Velho Testamento. Mas esse mito é essencial para mobilizar judeus ao redor do mundo e justificar a ocupação de terras palestinas", explicou.
Para ele, a atual ofensiva israelense representa a maior expansão territorial do país desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. "Naquela época, Israel ocupou o Sinai, parte do Líbano, as Colinas de Golã, Gaza e a Cisjordânia. Depois devolveu alguns territórios, mas nunca parou de se expandir. Hoje, tem bases permanentes no sul do Líbano e sete bases na Síria. E agora, está reocupando Gaza. O plano sionista sempre foi a eliminação do povo palestino", denunciou.
Reféns, manipulação política e silêncio internacional - Mirhan também chamou a atenção para o destino dos reféns israelenses em Gaza, que, segundo ele, não são prioridade para Netanyahu. "A estimativa é que metade dos reféns já esteja morta, e não foi o Hamas que os matou. Foram mortos pelos próprios bombardeios de Israel, que joga bombas sem distinção, matando palestinos e israelenses", afirmou.
Além disso, criticou a omissão da comunidade internacional, especialmente da mídia ocidental, que trata a questão palestina com parcialidade. "O mundo finge que não vê. Não se fala mais em negociação, não se fala em resgate dos reféns, não se fala em cessar-fogo. O que estamos vendo é um extermínio planejado e sistemático", lamentou.
"O sionismo sempre foi sobre extermínio" - No encerramento da entrevista, Lejeune Mirhan reforçou que a política sionista nunca foi sobre coexistência, mas sim sobre a eliminação dos palestinos. "O projeto sionista é o extermínio do povo local, como aconteceu com os indígenas na América. Essa é a lógica: limpar o território para colonizar. Quem não enxerga isso está iludido", afirmou.
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