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      “O Brasil é um país rico habitado por pobres”, diz Paulo Gala sobre desigualdade e industrialização

      Economista defende fortalecimento da indústria nacional e critica modelo econômico que perpetua a concentração de renda

      (Foto: Divulgação | ABR)
      Dafne Ashton avatar
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      247 - O economista Paulo Gala, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e especialista em desenvolvimento econômico, afirmou que “o Brasil é um país rico habitado por pobres” durante entrevista ao programa Reconversa. Na conversa, Gala analisou as causas da desigualdade estrutural do país, defendendo a necessidade de um Estado mais atuante na reindustrialização e no incentivo à inovação tecnológica.

      “O Brasil tem recursos naturais abundantes, uma economia grande e diversificada, mas a riqueza não chega à maior parte da população. Isso é resultado de um modelo econômico que privilegia setores rentistas e deixa a indústria nacional fragilizada”, explicou.

      A armadilha da desindustrialização

      Para Gala, o Brasil perdeu competitividade industrial ao longo das últimas décadas, o que aprofundou a desigualdade de renda e limitou o crescimento sustentável. Ele ressaltou que países que alcançaram o desenvolvimento, como Coreia do Sul e China, investiram fortemente na industrialização e na tecnologia, enquanto o Brasil, desde os anos 1990, optou por um caminho que enfraqueceu sua base produtiva.

      “A desindustrialização precoce que o Brasil sofreu faz com que o país dependa cada vez mais da exportação de commodities. Isso gera empregos de baixa qualidade e impede a formação de um setor produtivo forte, que é fundamental para distribuir renda e gerar inovação”, destacou.

      Papel do Estado e o futuro econômico do país

      Segundo Gala, o Estado precisa assumir um papel mais ativo na condução da economia, promovendo políticas industriais que estimulem a produção nacional e a sofisticação tecnológica. Ele criticou a visão de que o mercado, por si só, resolveria os desafios do país.

      “O livre mercado sem coordenação estatal só favorece a concentração de renda e o subdesenvolvimento. Os países que deram certo são os que investiram em tecnologia, infraestrutura e educação com forte apoio estatal”, argumentou.

      Por fim, o economista ressaltou que o Brasil tem potencial para se tornar uma potência industrial e tecnológica, mas precisa romper com o modelo atual, que perpetua a dependência de produtos primários e amplia a desigualdade. “Se quisermos um país desenvolvido de verdade, precisamos olhar para a indústria como a base do progresso econômico e social”, concluiu. Assista: 

       

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