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      "O Brasil precisa de uma política externa mais ofensiva", diz Genoino

      Ex-presidente do PT, José Genoino analisa a conjuntura internacional e sugere uma abordagem mais assertiva na política externa brasileira

      (Foto: ABR)
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      247 - O ex-presidente nacional do PT e ex-deputado constituinte, José Genoino, afirmou que o Brasil necessita de uma política externa mais contundente para enfrentar os desafios globais. Em entrevista ao programa Bom Dia, Genoino destacou que a conjuntura internacional impõe desafios que exigem maior assertividade do governo brasileiro, especialmente na integração latino-americana e no fortalecimento dos BRICS.

      "A crise mundial se agrava no campo da geopolítica, da transição energética, do desastre climático e das disputas sociais. O discurso do Macron ao colocar a Rússia como inimiga principal gera um clima para justificar aventuras diante da crise europeia e da crise do império americano. O Brasil precisa de uma postura mais clara na política externa", afirmou.

      Genoino defendeu que o Brasil adote uma linha diplomática mais alinhada à cooperação com os BRICS e com projetos que garantam autonomia estratégica. "Se ficarmos com ilusões em relação à Europa e aos democratas americanos, isso não vai muito longe. Precisamos de uma política mais clara para a integração regional e um compromisso efetivo com os BRICS", disse.

      O ex-deputado também criticou o enfraquecimento da política de defesa do país após o golpe de 2016. Segundo ele, o Brasil perdeu autonomia em questões estratégicas, como o desenvolvimento do submarino de propulsão nuclear. "Isso daria ao Brasil a capacidade de exercer soft power, mas esse projeto foi interrompido. O enfraquecimento geopolítico do Brasil tem relação direta com o golpe de 2016 e a subordinação das Forças Armadas ao imperialismo americano", afirmou.

      Sobre as Forças Armadas, Genoino defendeu uma reestruturação profunda, incluindo a revogação do artigo 142 da Constituição, que permite a intervenção militar na segurança interna. "As Forças Armadas precisam sair da tarefa de lei e ordem e assumir uma política nacional de defesa. Hoje, enquanto o mundo discute estratégias de defesa, o Brasil passou dois anos discutindo urna eletrônica e golpe de Estado", criticou.

      Lava Jato e a influência americana

      Genoino relacionou a Lava Jato a uma estratégia de guerra do imperialismo americano para enfraquecer governos progressistas. "O modelo de guerra do Departamento de Justiça dos Estados Unidos usa a corrupção, as drogas e o terrorismo como pretextos para intervir em governos e fomentar golpes. Isso aconteceu no Brasil", denunciou.

      O ex-presidente do PT defendeu a necessidade de reformas estruturais para que o Brasil possa recuperar sua soberania. "Temos que apresentar uma alternativa de política de defesa, discutir o papel das Forças Armadas e revogar acordos como o de Alcântara, que prejudicaram nossa soberania", afirmou.

      Disputa política e enfrentamento com a extrema direita

      Genoino também abordou a estratégia da extrema direita e os processos contra Jair Bolsonaro. Para ele, o combate político precisa ir além das questões jurídicas. "Temos que derrotar politicamente a extrema direita. Não basta o processo judicial contra Bolsonaro; é preciso deslegitimar seu discurso e impedir que ele se vitimize", disse.

      A respeito das medidas pedidas por parlamentares para restringir a movimentação do ex-presidente, Genoino destacou a necessidade de uma postura ativa da esquerda. "A extrema direita está disputando politicamente esses processos. Precisamos de enfrentamento político para desmontar a tática bolsonarista de vitimização", alertou.

      Economia e segurança alimentar

      O ex-deputado também comentou a política econômica, especialmente sobre a inflação dos alimentos. "O modelo econômico brasileiro prioriza o agronegócio para exportação, o que aumenta nossa vulnerabilidade. Precisamos de um modelo que dê prioridade à agricultura familiar e à reforma agrária", afirmou.

      Genoino destacou a recente entrega de 12 mil lotes pelo programa Terra da Gente como um avanço, mas alertou que o governo precisa disputar a narrativa política. "Medidas corretas como essa serão atacadas pela grande mídia. O governo precisa ter uma postura ofensiva e deixar claro para a população a importância dessas iniciativas", disse.

      PIX e desinformação

      Sobre as recentes discussões envolvendo o PIX e o combate a fraudes no sistema financeiro, Genoino criticou a forma como o governo lida com a desinformação. "Não podemos enfrentar as fake news com explicações meramente técnicas. É preciso fazer enfrentamento, polarizar e desmontar as mentiras da extrema direita", afirmou.

      Para ele, a esquerda precisa adotar uma postura mais combativa. "A extrema direita está sempre na ofensiva. Não podemos ficar na defensiva, respondendo tecnicamente a ataques políticos. Precisamos enfrentar esse debate de forma mais agressiva", concluiu. Assista: 

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