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    “O Estado não substitui o mercado, mas trabalha junto”, diz Aloizio Mercadante

    Em entrevista ao Reconversa, ele destacou o papel da instituição na retomada do desenvolvimento, na preservação da Amazônia e na descarbonização da economia

    Aloizio Mercadante (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

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    247 – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, concedeu uma entrevista ao programa Reconversa, conduzido pelo jornalista Reinaldo Azevedo e pelo jurista Walfrido Warde, onde discutiu diversos tópicos, desde a transparência da instituição até iniciativas em segurança pública e desenvolvimento sustentável.

    Mercadante ressaltou que o BNDES é atualmente a instituição mais transparente do Brasil, citando pesquisas realizadas pelos Tribunais de Contas e pela Controladoria-Geral da União (CGU). “Os Tribunais de Conta do Brasil fizeram uma pesquisa em todo o Estado brasileiro, e 8 mil instituições foram investigadas. E qual é o resultado da pesquisa? O BNDES é a instituição mais transparente do Brasil. A Controladoria-geral da União, a CGU, fez uma outra investigação, com todos os órgãos federais. Qual foi a conclusão? O BNDES é o mais transparente do Brasil”, afirmou.

    O presidente do BNDES destacou a importância das ações do banco na área de segurança pública, especialmente na Amazônia. “A primeira inovação importante do BNDES na questão da segurança foi o recurso do Fundo da Amazônia, que é não-reembolsável. Nós financiamos um programa de R$ 318 milhões, pela primeira vez na história, para a Amazônia,” explicou.

    Mercadante também mencionou a criação de uma diretoria específica para a Amazônia na Polícia Federal, e o financiamento de um programa robusto de inteligência e operação na região, totalizando até R$ 1,3 bilhão. “A Amazônia é fundamental, é 25% da floresta tropical do planeta. Nós já reduzimos 50% o desmatamento, mas qual é a dificuldade com garimpo ilegal, a madeira ilegal? É o crime organizado, o tráfico, é o narcotráfico, é o narco-garimpo, as organizações criminosas entraram e infiltraram,” afirmou.

    O papel dos bancos de fomento

    Mercadante discutiu a relevância dos bancos públicos de desenvolvimento no cenário global, mencionando que existem 555 bancos desse tipo no mundo, com ativos totais de US$ 23 trilhões. Ele defendeu uma nova relação entre Estado e mercado para enfrentar desafios contemporâneos como a crise climática e a transição energética. “A crise climática não resolve. Ela criou a crise. Só o mercado não consegue responder. Então, você precisa de uma nova relação. Não é o Estado substituir o mercado, não é o banco público tomar o lugar do mercado de capitais e do banco privado. Você tem que trabalhar junto,” declarou.

    O presidente do BNDES destacou projetos inovadores financiados pelo banco, como iniciativas na área de saúde e a transformação da indústria automotiva para veículos híbridos, elétricos e movidos a etanol. “Este ano nós vamos ter R$ 7,5 bilhões. A demanda é muito maior porque a inovação é risco para o empresário. Nós estamos com um projeto lindíssimo na área de saúde, por exemplo, toda a indústria automotiva para fazer o carro híbrido, elétrico, etanol, nós que estamos financiando as inovações. Então, o BNDES está na linha de frente,” disse.

    Mercadante destacou a importância de parcerias comerciais com países do sul global, como América Latina, Ásia e África, diante das barreiras tarifárias e não tarifárias erguidas pela União Europeia e Estados Unidos. “Nós temos que fazer mais parceria com a América Latina, com a Ásia, com a África. Nós temos que buscar mais alternativas de comércio, porque a barreira tarifária e não tarifária que está se erguendo nos países da União Europeia e nos Estados Unidos são muito fortes e são muito difíceis de você superar,” comentou.

    O presidente do BNDES também discutiu a necessidade de um projeto nacional inclusivo, que contemple políticas industriais, agrícolas e de descarbonização, bem como a modernização ecológica. “Nós estamos buscando construir esse projeto nação. Então, a política industrial, a política agrícola, a descarbonização da agricultura, a modernização, o plano de transformação ecológica,” afirmou.

    Relação com governadores

    Mercadante enfatizou a orientação do presidente Lula para manter uma relação republicana com todos os governadores, independentemente de partidos políticos, destacando a importância de cooperação para o desenvolvimento do país. “A orientação do presidente Lula é ter uma relação republicana com todos os governadores. Não estou olhando o partido, não quero saber quem votou e o que vai ser. Quero dizer o seguinte, se a gente não trabalhar junto, se a gente continuar no palanque esse país não anda,” explicou.

    Reiterando seu compromisso com o serviço público, Mercadante destacou o papel do BNDES no financiamento de diversas áreas, incluindo cinema, patrimônio público, matriz energética e agro. “Nós estamos lançando 400 milhões de reais de financiamento de cinema, a 1% ao ano. Metade de todo o restauro de patrimônio público no Brasil foi o BNDES que fez. Toda a matriz energética que nós financiamos, quem sustenta a nova política industrial, somos nós. Está lá no painel e vamos cumprir mais do que os 300 bilhões,” disse.

    Fundo para a segurança pública

    O presidente do BNDES também propôs a criação de um fundo financiado por doações empresariais para apoiar a segurança pública. “A minha proposta é criar um fundo, o BNDES administra um fundo público, com doação empresarial. Portanto, fora do teto do orçamento, para financiar a intervenção do sistema de segurança pública de uma forma estratégica e não complicada,” explicou. Assista:


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