"O mundo está comendo a Amazônia": Luciana Gatti alerta para destruição ambiental e fascismo ecológico
Cientista critica retrocessos ambientais, desmatamento e políticas autoritárias que impactam o clima e a biodiversidade
247 - A cientista Luciana Gatti, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), concedeu uma entrevista ao programa Boa Noite 247 para discutir os impactos do desmatamento da Amazônia, as mudanças climáticas e o avanço do que ela chama de "fascismo ecológico". Gatti alertou para os danos irreversíveis causados pelo governo Bolsonaro ao meio ambiente e destacou como políticas retrógradas, dentro e fora do Brasil, ameaçam não apenas ecossistemas, mas também a sobrevivência humana.
"Se a gente não entender o que acelerou tanto os eventos extremos, vamos continuar a ver tragédias climáticas cada vez maiores. Perdemos milhões de árvores, que são verdadeiros climatizadores naturais", afirmou Gatti. Segundo ela, o desmatamento, impulsionado pela expansão da agropecuária e do garimpo, teve um impacto direto no aumento da temperatura e na redução das chuvas. "Cada árvore que cai significa menos umidificação do ar e mais calor. O que estamos vendo é uma bola de neve que não para de crescer."
A cientista destacou que a Amazônia tem sido alvo de exploração desenfreada para produção de carne e ração animal. "O mundo está comendo a Amazônia. A floresta está sendo destruída para alimentar gado e suínos, principalmente na China e na Europa. Mas essa destruição tem consequências graves para o clima global e para o Brasil, que já sofre com ondas de calor, secas e enchentes cada vez mais intensas."
Gatti também fez críticas severas à administração do ex-presidente Jair Bolsonaro e à sua política de destruição ambiental. "Nos primeiros anos do governo Bolsonaro, chegamos a perder 24 árvores por segundo. O desmatamento foi equivalente ao impacto climático do El Niño de 2015-2016. O plano de desmatamento zero, que só prevê mudanças para 2030, não é suficiente. A floresta já perdeu sua capacidade de regular o clima como antes."
Durante a entrevista, Gatti relacionou o enfraquecimento das políticas ambientais com a ascensão da extrema direita global, mencionando Donald Trump e Jair Bolsonaro como exemplos de líderes que atacam cientistas e professores para consolidar narrativas negacionistas. "O fascismo precisa de um povo ignorante e dócil para ser dominado. Por isso, vemos cortes em investimentos científicos, perseguições a pesquisadores e a proliferação de desinformação."
A pesquisadora alertou para o impacto do desmatamento na segurança hídrica do Brasil e defendeu ações urgentes para reverter a crise climática. "As árvores são fábricas de água. Sem floresta, os rios secam, a agricultura sofre e a temperatura dispara. A vegetação nativa precisa ser protegida urgentemente, e o Brasil deveria liderar uma transição para um modelo de desenvolvimento sustentável."
Por fim, Gatti propôs soluções práticas para mitigar os impactos ambientais, desde mudanças no consumo até investimentos em energias renováveis. "O governo deveria incentivar o financiamento para placas solares em residências em vez de investir em termelétricas a gás fóssil. Também precisamos reduzir o consumo de carne bovina, que é um dos principais vetores do desmatamento."
A entrevista terminou com um apelo à sociedade civil para se mobilizar diante dos desafios ambientais. "Precisamos agir agora. Cada pessoa pode ser um agente de mudança. Plantar árvores, pintar telhados de branco para reduzir o calor nas cidades, cobrar políticas públicas eficazes. O futuro do planeta depende das escolhas que fazemos hoje."
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