“O petróleo da Margem Equatorial já está sendo explorado por vários concorrentes da Petrobras”, diz Randolfe

247 - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que o petróleo da Margem Equatorial, na costa do Amapá, já está sendo explorado por diversos concorrentes da Petrobras. Em entrevista aos jornalistas Leonardo Attuch e Tereza Cruvinel, ele defendeu que a estatal brasileira tenha o mesmo direito de pesquisa e exploração que empresas estrangeiras e criticou a demora do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na concessão da licença ambiental.

“A licença tem que seguir todo o rito técnico necessário”, afirmou Randolfe. “Mas a autorização de pesquisa está sob a lavra do Ibama há três anos. Nenhum procedimento técnico tem que ser atropelado, mas me parece um tempo longo demais para que a autorização venha a ocorrer”, disse.

O senador ressaltou que, enquanto o Brasil aguarda a liberação da pesquisa, outros países já estão explorando petróleo na mesma reserva fóssil. “Essa reserva já está sendo explorada na Venezuela, na República da Guiana e no Suriname. Aliás, foi essa exploração que fez com que a República da Guiana se tornasse, no ano retrasado, o país que mais cresceu no planeta, com um crescimento de mais de 35% do PIB”, destacou.

Randolfe também comparou a distância da área de pesquisa com cidades brasileiras. “Estamos falando de pesquisa a 50 km do mar territorial francês, a 177 km da costa brasileira e a 560 km da Foz do Rio Amazonas. Essa distância é maior do que a que separa o Rio de Janeiro de São Paulo”, afirmou.

O parlamentar enfatizou que, em 70 anos de história, a Petrobras nunca teve um incidente ambiental e criticou a vantagem que empresas estrangeiras já possuem na Margem Equatorial. “Todas as empresas petrolíferas do mundo todo já estão explorando e pesquisando a mesma região. No Suriname e na República da Guiana, a ExxonMobil, a Shell, a Total, a norueguesa Statoil e outras 30 companhias já perfuraram mais de 63 poços e extraíram bilhões de barris. Nenhuma dessas empresas é a Petrobras”, destacou.

Sobre a necessidade de exploração do petróleo, Randolfe afirmou que os recursos são essenciais para garantir a transição energética do Brasil. “Nós queremos energia limpa, mas a nova matriz precisa ser financiada. O dinheiro não cai do céu, tem que ter uma matriz de riqueza que financie a superação da matriz energética anterior”, argumentou.

O senador mencionou ainda um projeto de lei de sua autoria que destina parte dos royalties da exploração na Margem Equatorial para a preservação da Amazônia e financiamento da transição energética. “Apresentei um projeto de lei para que 20% dos royalties dessa pesquisa e eventual exploração sejam destinados ao financiamento de projetos de preservação na Amazônia”, explicou.

Ao falar sobre a importância do petróleo para o Amapá, Randolfe destacou o impacto econômico e social que a atividade pode gerar. “Hoje, 65% dos amapaenses dependem dos programas sociais do presidente Lula. A exploração pode quadruplicar o PIB do estado e transformar a realidade socioeconômica da região”, ressaltou.

Por fim, o senador reiterou que o governo Lula não interfere em decisões técnicas, mas cobrou agilidade do Ibama. “Este é um governo que não atropela a técnica, mas dois ou três anos para uma decisão me parece um prazo demasiado. Se todas as exigências foram cumpridas, não vejo razão para não ter a licença”, concluiu. Assista: