"O PT pode recuperar sua força para 2026", diz Valter Pomar
Dirigente petista avalia os 45 anos do partido e critica alianças amplas para 2026
247 - O historiador, analista político e dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT), Valter Pomar, afirmou que o partido está em uma posição mais frágil do que em 2003 e precisa recuperar sua identidade para disputar as eleições de 2026 em melhores condições. A declaração foi feita ao programa Contramola, da TV 247, durante uma análise dos 45 anos de existência do PT. Pomar também criticou a estratégia de alianças amplas, alertando para o risco de comprometer a agenda do partido em prol de acordos políticos.
"Nós estamos mais fracos na minha opinião. A gente era mais forte em 2003 do que somos agora. Tínhamos mais influência social, mais parlamentares e uma militância mais ativa", afirmou Pomar. Segundo ele, o cenário político atual exige uma postura mais combativa do PT, que, segundo sua avaliação, tem se tornado mais moderado e acomodado em relação ao sistema político.
Pomar destacou que, historicamente, o PT se consolidou como um partido que representava uma alternativa radical e popular, mas hoje há um esvaziamento dessa postura. "Nos anos 80, o PT tinha um radicalismo socialista democrático popular, a favor de reformas estruturais e uma democracia popular. Isso ajudava a transformar fraqueza em força. Hoje, acho que perdemos muito dessas características", pontuou.
O dirigente petista também criticou a forma como o partido lidou com o crescimento do antipetismo nos últimos anos. Para ele, a reação do partido deveria ter sido mais enérgica, em vez de recuar e tentar se descolar da própria identidade. "Frente a um ataque desse tipo, a gente reage se escondendo e esperando o ataque passar ou contra-ataca? O melhor teria sido contra-atacar com mais força. Até hoje tem gente que resolve fazer campanha mudando a cor da estrela do PT, escondendo a bandeira do partido", exemplificou.
Sobre as eleições de 2026, Pomar alertou para o risco de a legenda repetir a estratégia de alianças amplas com setores da direita e do centro, como ocorreu em 2022 com Geraldo Alckmin (PSB) na vice-presidência. "Fizemos alianças no primeiro turno com uma parcela daqueles que participaram do golpe de 2016 e, depois da vitória, ampliamos ainda mais, incorporando no governo pessoas que tiveram compromisso com o governo do cavernícola [Jair Bolsonaro]." Para ele, essa lógica pode comprometer a implementação de mudanças necessárias para o país.
"Se a aliança fosse em torno do nosso programa, tudo bem. Mas, se ela for uma aliança em que eles nos apoiam e, por conta disso, a gente não implementa nosso programa, então não está legal", alertou Pomar. Ele defendeu que, para 2026, o PT precisa fortalecer sua base e adotar uma postura mais ousada no governo, com mobilização social e enfrentamento da direita.
Pomar também avaliou que o cenário mais provável para 2026 é o PT vencer as eleições, mas em condições piores do que em 2022, com um Congresso ainda mais conservador. "Se a gente não fizer nada, o Congresso eleito em 2026 será pior do que o de 2022", projetou. Caso Lula não seja candidato, ele afirmou que o PT deve apresentar outro nome forte para a disputa, rejeitando a ideia de que a eleição sem Lula seria um desastre inevitável.
Ao analisar os desafios do PT para os próximos anos, Pomar concluiu que o partido precisa retomar sua conexão com a base trabalhadora e reforçar sua atuação nos movimentos sociais. "A maioria dos filiados do PT está na base, no local de trabalho, moradia, estudo. Mas o partido não organiza e dirige a atuação desses militantes. Isso precisa ser feito", disse. Ele também destacou que setores da direita ocuparam espaços deixados pelo PT nos territórios periféricos e que é necessário recuperar essa presença.
A fala do dirigente petista reflete um posicionamento crítico dentro do partido, que deve enfrentar debates internos intensos até as eleições de 2026. Enquanto o governo busca alianças para governar, vozes como a de Valter Pomar apontam para a necessidade de retomar uma postura mais combativa para consolidar o PT como uma alternativa de transformação no Brasil. Assista:
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