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O renascimento da esquerda radical no Brasil: Jones Manoel e a luta pelo comunismo revolucionário

Em entrevista ao canal Século Diário, o historiador compartilha sua visão sobre os desafios de reconstruir o movimento comunista no país

Jones Manoel (Foto: Reprodução Youtube)

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247 – Na mais recente edição do programa "Entrevista do Século", apresentado por Vitor Taveira e produzido pela Século Diário, o historiador e educador popular Jones Manoel trouxe à tona uma análise contundente sobre a crise da esquerda brasileira e os esforços para reviver um movimento comunista revolucionário. A entrevista, disponível no YouTube e em plataformas de áudio, abordou questões como o governo Lula, a desindustrialização do país e as profundas transformações econômicas e sociais enfrentadas pelo Brasil.

Manoel, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), apresentou um diagnóstico sombrio, mas não desprovido de esperança, sobre a política brasileira atual. Logo no início da conversa, o historiador destacou a crescente primarização da economia do país, onde "70% dos itens de exportação são produtos primários, como soja, carne, petróleo bruto e minério", ressaltando que a maior parte dos lucros dessas cadeias produtivas é apropriada por grupos estrangeiros. Segundo ele, o Brasil caminha para uma "reconfiguração de seu papel na economia global", com consequências drásticas para o tecido social e o Estado.

A esquerda que perdeu o rumo

Em um dos momentos mais fortes da entrevista, Jones Manoel criticou duramente o atual governo Lula, afirmando que, embora tenha derrotado Jair Bolsonaro em 2022, o presidente não conseguiu, nem tentou, enfrentar de verdade as bases da extrema direita. Para o historiador, o governo atual carece de um "diagnóstico correto" sobre os problemas estruturais do Brasil e, em vez disso, busca uma aliança ilusória com setores da burguesia.

"Bolsonaro é expressão de um Brasil que está se transformando, e o governo Lula tenta recuperar uma normalidade que já não existe", afirmou Manoel. Ele destacou ainda que "a desindustrialização do Brasil e o declínio dos serviços públicos começaram durante o governo Lula", e que o presidente parece acreditar que pode restaurar uma ordem bipartidária entre PT e PSDB, que não condiz mais com a realidade do país.

Manoel também lançou uma crítica direta ao que chamou de "ilusões lulistas". Ele argumenta que o lulismo criou uma narrativa de conciliação de classes, despolitizando as questões fundamentais que deveriam ser defendidas pela esquerda. "O lulismo, por 20 anos, tem promovido a despolitização da classe trabalhadora", criticou. Para ele, o discurso de que "todos podem ganhar" não desafia o sistema e perpetua as desigualdades.

A necessidade de um movimento radical

Ao discutir o papel da extrema direita, Manoel expôs a eficácia dessa corrente em se apresentar como o lado "disruptivo e rebelde" do cenário político. Ele usou como exemplo o fenômeno Pablo Marçal, que, em suas palavras, "simula um discurso de quem é contra o sistema, mas na prática é um estelionatário que trabalha para os mesmos interesses econômicos". Para Manoel, a extrema direita tem sucesso em atrair a juventude e as massas insatisfeitas, enquanto a esquerda falha em oferecer uma visão revolucionária.

"A esquerda brasileira morreu. O que temos hoje é uma esquerda que defende a ordem, que não tem ousadia nem projeto de futuro", disparou o historiador. Segundo ele, o caminho para reconstruir a esquerda passa pela superação do lulismo e pela formulação de um novo projeto político que dialogue diretamente com as demandas da classe trabalhadora.

PCBR: A nova aposta

Sobre o recém-criado Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), do qual é um dos principais líderes, Jones Manoel explicou que a organização surgiu como uma resposta às limitações do Partido Comunista Brasileiro (PCB), do qual ele fez parte por anos. Segundo ele, o PCB falhou em se conectar com a realidade da classe trabalhadora e se tornou um "partido acadêmico", desconectado da vida cotidiana do povo brasileiro.

"O PCB era um partido burocrático, que não conseguia avançar nas questões mais básicas, como a criação de um jornal político. Passamos 15 anos tentando criar um jornal nacional, e nada aconteceu", revelou Manoel. Ele ressaltou que o PCBR, em apenas um ano de existência, já conseguiu avanços significativos, como o lançamento de seu próprio jornal impresso, O Futuro, que já está sendo distribuído em mais de 20 estados.

Para Manoel, o PCBR tem como objetivo central a construção de uma verdadeira revolução no Brasil, e não apenas a disputa por cargos institucionais. "Não estamos na política para brincar. Queremos a revolução brasileira, e isso começa com organização e seriedade", concluiu.

A entrevista completa está disponível no canal do Século Diário no YouTube, onde Jones Manoel compartilha sua visão abrangente sobre o atual cenário político e os desafios para uma transformação radical no Brasil. Assista:

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