"Para cumprir promessas, Trump terá que enfrentar o bloco emergente", diz Arbex
Especialista aponta que a estratégia protecionista do ex-presidente americano esbarra no crescimento do Brics e pode aprofundar a instabilidade global
247 - Em uma análise que examina as complexidades do cenário político e econômico atual dos Estados Unidos, o jornalista José Arbex Jr. levantou questões sobre o papel de Donald Trump na reestruturação do sistema político norte-americano e o impacto de suas promessas de campanha. A entrevista foi dada ao programa Forças do Brasil, da TV 247, e Arbex não hesitou em colocar o cenário em termos dramáticos, afirmando que "para cumprir suas promessas, Trump terá que enfrentar o BRICS, o que pode empurrar o mundo para o caos."
Arbex iniciou a análise ressaltando o histórico dos partidos políticos dos EUA, afirmando que "a estabilidade institucional do país, desde a Segunda Guerra Mundial, esteve ancorada no equilíbrio de poder entre os partidos Democrata e Republicano." Contudo, a ascensão de Trump representou, segundo ele, uma quebra dessa dinâmica, visto que o ex-presidente teria fortalecido seu próprio nome acima do partido Republicano. “Quem ganhou a campanha foi o Trump, e o trumpismo – não o Partido Republicano – representa a base eleitoral que se desconectou do partido tradicional”, destacou.
A possível volta de Trump ao poder, aliada à sua postura crítica em relação aos partidos, gera desconforto no alto escalão das Forças Armadas e outras instituições. "Os generais do Pentágono já estão debatendo como reagirão caso Trump emita ordens que desafiem a legalidade institucional," afirmou Arbex. Esse tipo de tensão institucional, avalia o especialista, era algo inimaginável até pouco tempo atrás e agora sinaliza uma potencial ruptura com a ordem estabelecida.
Trump contra o brics: promessas e limitações
No entanto, Arbex também questiona a capacidade de Trump em cumprir promessas de campanha, principalmente aquelas que envolvem enfrentamentos diretos com potências emergentes como o BRICS, um bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. "Para trazer empregos de volta aos Estados Unidos, ele teria que confrontar diretamente a China e os países do BRICS," destacou. Segundo Arbex, a tarefa de impedir que países, especialmente da América Latina, integrem a Nova Rota da Seda da China seria inviável, dada a força econômica e estratégica crescente dessas nações.
Outro ponto levantado é a dificuldade de Trump em implementar sua promessa de deportar 11 milhões de imigrantes ilegais. Arbex calcula que seria necessário deportar cerca de mil pessoas por dia durante quatro anos, algo que ele chama de "insanidade demencial". O analista sublinha que essa promessa, como tantas outras, acabaria por esbarrar na realidade complexa das políticas internas e internacionais dos Estados Unidos.
O preço de um novo protecionismo
Caso Trump opte por uma abordagem mais protecionista, Arbex alerta para as consequências de uma potencial guerra econômica. "Trump teria que implementar um protecionismo insustentável, o que isolaria os EUA e causaria danos colaterais significativos para a economia global." O especialista acredita que um movimento nesta direção poderia agravar ainda mais as crises econômicas e políticas já presentes em várias regiões, aprofundando o abismo entre os Estados Unidos e o resto do mundo.
A análise de Arbex sugere que, mesmo com um apoio expressivo de base trabalhadora, Trump enfrenta desafios imensos, tanto dentro de seu próprio país quanto no cenário internacional. As instituições americanas, que sempre dependeram do equilíbrio entre os partidos e da estabilidade da ordem global, estão sob pressão, e as políticas do ex-presidente poderiam intensificar esses dilemas. "O caos está à nossa frente, e ninguém sabe como será o futuro dos Estados Unidos ou do mundo com Trump novamente no comando," conclui Arbex, que vê na ascensão do brics um contraponto significativo às ambições do ex-presidente americano.
A fala de Arbex evidencia como as promessas de Trump não apenas desafiam a ordem interna dos Estados Unidos, mas ameaçam gerar um conflito direto com o bloco do brics, impactando todo o cenário global.
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