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    Pepe Escobar explica como Trump vai enfrentar o Sul Global

    Analista detalha implicações geopolíticas da vitória de Trump e as possíveis reações do Sul Global e da Europa

    Pepe Escobar e Donald Trump (Foto: Brasil247 | Reuters)

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    247 – Em uma análise contundente e detalhada em seu Pepe Café, o jornalista e analista internacional Pepe Escobar comentou sobre as implicações da recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Em sua abordagem, Escobar traça um panorama das possíveis estratégias de Trump e suas repercussões no cenário global, destacando como o presidente eleito deverá lidar com desafios internos e externos. A análise foi apresentada em um vídeo, gravado no dia seguinte à confirmação dos resultados eleitorais.

    Escobar, que já cobriu diversas eleições americanas tanto nos Estados Unidos quanto de pontos estratégicos na Europa e na Ásia, afirmou que o resultado representa um "terremoto Trump", com potenciais impactos em diferentes frentes, desde as relações com o Sul Global até a reorganização de forças na Europa. 

    Reações e implicações geopolíticas

    Escobar observa que a vitória de Trump sinaliza um possível afastamento da política externa que caracterizou os últimos quatro anos sob a administração de Joe Biden e Kamala Harris, marcada por intervenções e conflitos indiretos. "O legado da administração anterior pode ser resumido em guerras por procuração e uma política externa que gerou mais tensão do que soluções", afirmou.

    O analista destacou a guerra na Ucrânia e o genocídio em Gaza como exemplos de políticas apoiadas pelo governo Biden que provocaram descontentamento tanto no Sul Global quanto em outras regiões. "O Sul Global está em revolta, profundamente furioso com o genocídio em Gaza, que mostrou as consequências de resistir ao poder hegemônico dos Estados Unidos e seus aliados", disse.

    A nova política externa de Trump

    Com Trump novamente na presidência, Escobar acredita que haverá mudanças significativas na forma como os Estados Unidos lidam com questões internacionais. Segundo ele, a administração Trump 2.0 pode adotar uma abordagem mais pragmática e alinhada com os interesses diretos dos Estados Unidos, evitando a continuação de conflitos dispendiosos e focando em negociações estratégicas. "Trump pode tentar pressionar a Ucrânia a aceitar perdas territoriais em troca de uma retirada gradual dos EUA e um foco renovado em questões domésticas", sugeriu.

    Essa abordagem, porém, não será fácil. "A Europa, especialmente a burocracia de Bruxelas, será forçada a lidar com o fardo da guerra na Ucrânia sem o financiamento contínuo de Washington", afirmou Escobar. Ele acrescentou que a política externa de Trump pode resultar em um fortalecimento do eixo Rússia-China-Irã, considerado uma ameaça existencial pela doutrina de segurança dos EUA.

    O papel dos Brics e a reação global

    A ascensão dos Brics e a busca por um novo sistema de relações internacionais que escape da hegemonia unipolar dos EUA também foram temas discutidos. Escobar mencionou a expansão dos Brics e o fortalecimento do Sul Global como movimentos que desafiam a ordem internacional baseada em regras ditadas por Washington. "Estamos vendo um laboratório em movimento que testa novos modelos para um sistema geoeconômico e geopolítico mais equilibrado", explicou.

    O jornalista ressaltou que a postura de Trump em relação à aliança ocidental pode aumentar ainda mais a independência dos Brics e seus aliados. "Se Trump levar adiante suas promessas de pressionar aliados europeus e reorientar os interesses estratégicos dos EUA, a Europa será forçada a reconsiderar seu papel e talvez adotar políticas mais autônomas em relação à Rússia e à China", disse.

    O analista finalizou com uma reflexão sobre como as novas políticas de Trump poderiam impactar tanto o cenário global quanto os movimentos de resistência no Oeste da Ásia e entre os aliados do Sul Global. "A vitória de Trump inaugura um capítulo de incertezas e desafios, mas também de possíveis realinhamentos estratégicos que podem redefinir as relações de poder nos próximos anos", concluiu. Assista:

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