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    Paulo Nogueira: "O mercado só ataca quando sente cheiro de sangue"

    Economista discute crise cambial, política monetária e a relação do mercado financeiro com o governo Lula

    (Foto: ABR | Brasil247)
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    247 - Em entrevista ao programa Brasil Agora, o economista Paulo Nogueira Batista Junior abordou os desafios econômicos enfrentados pelo Brasil no início de 2025, com destaque para o impacto do ataque especulativo à moeda brasileira, políticas fiscais e monetárias, e a dinâmica entre governo e mercado financeiro.

    Paulo Nogueira afirmou que os movimentos do mercado financeiro, muitas vezes, refletem estratégias coordenadas de grandes investidores. “Estamos diante de um movimento coordenado, opaco e politicamente motivado, com grandes investidores nacionais e internacionais. Para esses capitais, governos como os de Lula, mesmo moderados, não são tão favoráveis quanto figuras como Bolsonaro ou Milei.”

    Ele destacou a lógica por trás das ações do mercado financeiro: “A matilha só ataca quando sente cheiro de sangue. No contexto econômico, esse ‘cheiro de sangue’ são fragilidades como desorganização fiscal e sinais de instabilidade econômica.”

    Sobre o recente aumento da taxa de juros promovido pelo Banco Central, Nogueira foi crítico. “A taxa de juro elevada agrava o desequilíbrio fiscal e concentra renda. É paradoxal que a resposta ao nervosismo do mercado tenha sido um aumento tão abrupto. Essa política monetária recessiva fragiliza ainda mais a economia.”

    O economista também alertou para os riscos de intervenções cambiais descontroladas. “A intervenção do Banco Central com reservas precisa ser dosada. Há o risco de queimar reservas e, mesmo assim, ver a moeda continuar desvalorizada.”

    Questionado sobre possíveis soluções, Paulo Nogueira defendeu um câmbio administrado e políticas mais rígidas de controle de capitais. “O Brasil ficou vulnerável à volatilidade dos mercados internacionais por conta da liberalização prematura nos anos 1990. Seria necessário recriar mecanismos de controle, mas isso deve ser feito com cuidado para evitar sinais de desespero.”

    Paulo Nogueira também comentou o impacto social das políticas econômicas. “A redistribuição de renda promovida pelo governo Lula está incomodando elites tradicionais, que enxergam a ascensão social de classes mais baixas como uma ameaça à sua posição relativa. É um conservadorismo mesquinho.”

    Ao encerrar, o economista enfatizou a necessidade de um ajuste fiscal mais justo. “Não se pode negar a necessidade de ajuste fiscal, mas ele deve ser socialmente equilibrado. A tributação de ricos e super-ricos é um caminho necessário que ainda está sendo negligenciado pelo governo.”Assista: 

     

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