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    "Precisamos de um partido para tempos de guerra", diz Valter Pomar

    Dirigente petista alerta para a necessidade de uma estratégia socialista que vá além das eleições

    (Foto: Brasil247 | Lula Marques/Agência PT)

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    247 – O Brasil e o mundo vivem tempos de guerra, uma era marcada por crises econômicas, sociais e ambientais de enormes proporções. Para Valter Pomar, historiador e dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT), esse cenário exige uma mudança profunda na forma como a esquerda brasileira enfrenta seus desafios políticos. “Precisamos de um partido para tempos de guerra”, afirmou Pomar em entrevista recente ao programa Contramola da TV 247, reiterando uma declaração que fez pela primeira vez em 2015 e que hoje ganha ainda mais relevância. “Agora, precisamos também de um governo para tempos de guerra”, acrescentou, destacando a gravidade da crise e a urgência de uma estratégia mais abrangente.

    Pomar explica que o governo Lula, embora tenha vitórias a seu favor, está aquém do necessário para enfrentar o cenário global de crises. “Fazemos menos do que o necessário, numa velocidade inferior à necessária e com resultados políticos aquém dos esperados”, disse. Segundo ele, as forças econômicas e políticas que operam no Brasil – como o capital financeiro e o agronegócio – continuam a limitar a capacidade de o governo efetuar mudanças estruturais que beneficiem a maioria da população.

    Tempos de guerra: Crises e desafios

    O conceito de "tempos de guerra" está no centro da análise de Pomar. Ele se refere ao discurso do presidente Lula na Assembleia Geral da ONU em setembro de 2024, quando o presidente destacou que "2023 ostenta o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial". Para Pomar, esse cenário de guerra inclui não só conflitos armados, mas também crises econômicas e sociais profundas, agravadas por catástrofes ambientais e desigualdade global. “Vivemos um momento de crescentes angústias, frustrações, tensões e medo”, acrescentou, citando os milhões de pessoas subnutridas e necessitadas de ajuda humanitária no mundo.

    Nesse contexto, ele questiona se o governo está tomando todas as medidas necessárias para enfrentar a situação. "Nosso governo está tentando fazer o máximo e o melhor possível, mas atua num ambiente dominado por forças econômicas e políticas que trabalham no sentido oposto", afirma, ressaltando que há uma distância entre o que é possível realizar e o que é necessário para efetivar transformações profundas.

    Para além das eleições: A urgência de uma estratégia socialista

    Pomar enfatiza que vitórias eleitorais, por si só, não são suficientes para promover as mudanças necessárias no Brasil. Ele argumenta que a esquerda precisa de uma estratégia mais ampla, que articule a luta eleitoral com a luta social, além de enfrentar diretamente os interesses das elites econômicas. “A extrema-direita conquistou amplos setores da classe trabalhadora, exatamente nos territórios que o PT perdeu, abandonou ou nunca entrou”, refletiu Pomar, destacando a importância de um esforço de base mais intenso.

    Essa estratégia, segundo ele, deve ter como objetivo final o socialismo. “Estamos diante de problemas no Brasil e no mundo que não têm solução nos marcos do capitalismo. Precisamos de uma estratégia cujo ‘objetivo final’ é o socialismo”, afirmou Pomar, em tom categórico. Ele acredita que sem essa visão clara, a esquerda corre o risco de repetir erros do passado e permanecer estagnada, enquanto as forças conservadoras ganham terreno.

    A militância e a retomada de uma estratégia transformadora

    No âmbito das eleições municipais de 2024, Pomar reconhece que o engajamento da militância será fundamental para que o PT e a esquerda colham bons resultados, especialmente no Rio Grande do Sul, onde ele vê um cenário favorável. "A militância gaúcha com que conversamos tem um olho no peixe e outro no gato: por um lado, está engajada na campanha eleitoral, por outro, está preocupada com os rumos do nosso Partido", observou Pomar, indicando que há uma consciência coletiva sobre a necessidade de uma reavaliação estratégica.

    Mesmo com o PT ainda sendo uma referência para grande parte da classe trabalhadora, Pomar alerta para o risco de descolamento entre o partido e suas bases se a estratégia continuar a ser meramente eleitoral. Ele critica setores que se acomodam com alianças políticas que, em sua visão, não trazem transformações reais. “Há dentro do PT fortes setores que defendem enfrentar a extrema-direita fazendo crescentes concessões à direita tradicional”, advertiu, ressaltando que essa abordagem pode levar a uma derrota no longo prazo.

    A necessidade de um partido para tempos de guerra

    Valter Pomar conclui sua análise reiterando a urgência de um partido que esteja à altura dos desafios atuais, capaz de enfrentar crises globais e internas com uma estratégia clara e eficaz. "Precisamos de um partido e de um governo para tempos de guerra", reforçou. Segundo ele, o PT, desde 1987, construiu uma estratégia que permitiu conquistas eleitorais importantes, mas os tempos atuais exigem uma renovação dessa estratégia, especialmente para enfrentar forças como o imperialismo, o capital financeiro e o neoliberalismo.

    Ele destaca que é necessário recuperar a força social e cultural da classe trabalhadora, algo que vai muito além das urnas. "Se não alterarmos essa situação, podemos até vencer as eleições presidenciais de 2026, mas não conseguiremos enfrentar exitosamente as terríveis consequências e ameaças provenientes dos tempos de guerra e crise em que vivemos", alertou Pomar, encerrando com um chamado para que o PT e a esquerda assumam um papel mais combativo e transformador no cenário político brasileiro. Assista:  

     

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