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    “Trump 2.0 é uma guerra fria contra a maioria global”, diz Pepe Escobar sobre cessar-fogo na Ucrânia

    Jornalista aponta manobra dos EUA para transformar derrota militar em vitória diplomática e alerta para resposta estratégica da Rússia

    (Foto: Laura Aldana Brasil247 | REUTERS/Carlos Barria)
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    247 - A proposta de um cessar-fogo na Ucrânia, articulada por uma delegação dos Estados Unidos durante uma reunião em Jeddah, na Arábia Saudita, tornou-se um novo ponto de tensão na geopolítica global. De acordo com o analista político e jornalista Pepe Escobar, que abordou o tema em seu canal no YouTube, Pepe Café, a iniciativa faz parte de um jogo de narrativa no qual Washington tenta vender uma "vitória" no conflito, apesar da realidade no campo de batalha indicar o contrário.

    "Os Estados Unidos estão tentando transformar uma derrota militar absoluta em uma suposta vitória diplomática. O problema é que a Rússia não tem qualquer interesse em entrar nesse jogo", afirmou Escobar. Para ele, Moscou não aceitará um cessar-fogo de 30 dias nos moldes propostos, pois controla a ofensiva militar e tem todas as cartas na mão para ditar os rumos do conflito.

    A iniciativa americana, aceita pelo governo de Kiev, foi apresentada como uma trégua temporária, possivelmente renovável. No entanto, a Rússia, que detém a vantagem estratégica na guerra, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto e aguarda um comunicado formal dos EUA antes de qualquer resposta. "Esse teatro de máscaras não engana ninguém em Moscou. A proposta americana é mais uma armadilha", analisou Escobar.

    Rússia mantém cautela e avalia estratégia

    Desde o início da guerra, o Kremlin tem reiterado que qualquer negociação deve ocorrer sob seus próprios termos. O presidente Vladimir Putin já deixou claro que a Rússia não aceitará soluções impostas pelo Ocidente, especialmente aquelas que não levem em conta a nova realidade territorial consolidada no conflito.

    Segundo Pepe Escobar, essa cautela russa faz parte de um cálculo estratégico baseado na doutrina de Sun Tzu. "Os russos são mestres em esperar a oportunidade certa. Eles sabem que esse 'cessar-fogo' nada mais é do que um truque de Washington para tentar recuperar fôlego na guerra por procuração que travam contra a Rússia", afirmou o analista.

    Para Escobar, os EUA estão pressionando Kiev a aceitar uma trégua porque as forças ucranianas estão exauridas e sofrem sucessivas derrotas. A operação fracassada em Kursk, na qual milhares de soldados ucranianos foram abatidos, expôs ainda mais a fragilidade da estratégia ocidental. "A Ucrânia virou um cemitério gigante, e a OTAN está desmilitarizada. O que resta agora é fabricar um 'empate técnico' para tentar salvar a narrativa", destacou.

    Trump, os bastidores da política americana e o jogo das máscaras

    Em sua análise, Pepe Escobar também destacou os interesses ocultos por trás da proposta de cessar-fogo. Ele apontou que Trump 2.0 está sendo impulsionado por três grandes eixos de poder nos Estados Unidos: Wall Street, a indústria pesada (especialmente os setores de energia e aço) e o chamado "tecnofeudalismo" do Vale do Silício, liderado por magnatas como Elon Musk.

    "Trump precisa de um grande feito na política externa para se projetar como pacificador mundial e, quem sabe, até se vender como candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Mas o Kremlin sabe que isso é uma grande farsa", explicou Escobar. Para ele, Moscou não será pressionada por esse tipo de jogada midiática e usará a proposta para desmascarar a hipocrisia ocidental.

    Além dos interesses americanos, o jornalista ressaltou o papel do Reino Unido na equação. Segundo ele, Londres está apostando no general Valerii Zaluzhnyi, um nome ligado ao serviço de inteligência britânico, como futuro líder da Ucrânia. O objetivo dos britânicos seria manter sua influência no país e garantir o controle do porto de Odessa, um ponto estratégico no Mar Negro. "A Inglaterra quer um fantoche em Kiev para continuar operando seus esquemas de poder na região", observou Escobar.

    Moscou e a resposta ao Ocidente

    A principal questão agora é: como a Rússia responderá à proposta de cessar-fogo? Até o momento, o Kremlin declarou apenas que ainda não recebeu nenhuma comunicação oficial dos EUA. Nos bastidores, entretanto, tudo indica que a resposta russa será uma jogada calculada para desmontar a manobra de Washington.

    "Os russos vão devolver a armadilha para Trump e sua equipe. Moscou sabe que um acordo nesses termos seria um presente para os Estados Unidos e um desastre para a Rússia", analisou Pepe Escobar. Segundo ele, a Rússia usará essa tentativa de trégua para expor a falta de credibilidade do Ocidente, que, ao mesmo tempo em que fala de paz, continua incentivando ataques contra alvos dentro do território russo.

    Por fim, o analista político enfatizou que o grande jogo de poder entre Rússia e Estados Unidos ainda está longe de terminar. "O que estamos vendo agora é só mais um capítulo dessa guerra fria contra a maioria global. A resposta russa será um golpe de mestre, e os americanos vão se ver obrigados a recalcular sua estratégia mais uma vez", concluiu Escobar.

    Com a crescente tensão no tabuleiro geopolítico, a resposta oficial de Moscou será determinante para os próximos movimentos dessa disputa global. O desfecho do chamado "cessar-fogo de Trump" pode definir não apenas o rumo da guerra na Ucrânia, mas também o equilíbrio de forças entre as grandes potências no cenário mundial. Assista: 

     

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