"Trump reforça isolamento dos EUA com foco militar e energético", diz especialista

247 - Em seu discurso de posse, Donald Trump reafirmou sua agenda conservadora, ecoando promessas feitas durante a campanha presidencial. Falando diretamente para sua base, o republicano enfatizou planos para expandir o poderio militar dos Estados Unidos, aumentar o controle fronteiriço com o México e explorar intensivamente recursos energéticos. A análise dos desdobramentos dessa posse foi realizada pelo professor Roberto Goulart Menezes, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), em entrevista ao programa Repórter Brasil, da TV Brasil.

"O discurso de Trump não trouxe surpresas. Ele reforçou seu compromisso com os conservadores, mencionando a ampliação das forças militares e o envio de tropas à fronteira, além de um claro foco na exploração energética", explicou o especialista. Segundo ele, as falas do novo presidente demonstram uma postura agressiva que pode reconfigurar o papel dos Estados Unidos no cenário global.

Prioridades controversas

Entre os principais pontos de sua fala, Trump destacou o aumento das perfurações para extração de petróleo e gás, com a promessa de transformar os Estados Unidos em um exportador global de energia. Ele também afirmou que buscará libertar o país do que considera "censura", sem esclarecer como essa proposta será implementada. Para Goulart Menezes, "a ênfase na independência energética e a rejeição ao multilateralismo podem criar tensões com aliados tradicionais e gerar impactos ambientais significativos".

O professor também destacou que, ao priorizar investimentos militares e energéticos, Trump pode negligenciar temas como mudanças climáticas, direitos humanos e cooperação internacional. "Esse tipo de discurso reflete um governo mais introspectivo, focado na ideia de 'América em primeiro lugar', mas que pode isolar os Estados Unidos em momentos críticos", apontou.

Desafios internos e externos

Outro aspecto mencionado foi a promessa de reforçar a segurança na fronteira com o México, uma das plataformas centrais de sua campanha. A proposta, que inclui o envio de tropas e possivelmente a construção de um muro, já enfrenta resistência no Congresso e em organizações de direitos humanos.

Internamente, Trump também terá que lidar com uma sociedade polarizada. "O discurso apelou a um eleitorado específico, mas há setores da sociedade americana que rejeitam essa agenda e cobrarão equilíbrio nas decisões presidenciais", destacou Menezes.

O futuro da política externa

Sobre o impacto global, o especialista acredita que o governo Trump trará um período de incertezas nas relações internacionais. "Se as promessas forem concretizadas, veremos uma maior militarização e menos diálogo, o que pode aumentar tensões com países como China e Irã, além de colocar em xeque parcerias históricas com a União Europeia", analisou.

A cobertura completa com os comentários do professor Roberto Goulart Menezes está disponível no programa Repórter Brasil, transmitido pela TV Brasil.