"Trump vai governar como um criminoso condenado", diz Valter Pomar
Com a posse de Donald Trump, os Estados Unidos vivem um cenário de divisões internas, enquanto sua política externa promete impacto global
247 - O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, com posse marcada para 20 de janeiro, é um dos eventos mais aguardados e polêmicos no cenário político internacional. Valter Pomar, historiador e comentarista do programa Contramola, transmitido pela TV 247, fez uma análise contundente sobre o novo governo republicano, destacando tanto as dificuldades internas quanto as consequências para outros países.
“Trump vai governar como um criminoso condenado”, afirmou Pomar, referindo-se aos processos judiciais que o ex-presidente enfrenta e ao julgamento marcado para o dia 10 de janeiro, que pode resultar em uma sentença antes mesmo de sua posse. Apesar disso, Trump assumirá o cargo com maiorias nas duas casas legislativas dos EUA, mas não sem desafios: “No primeiro teste dessa maioria, ele já teve que suar pesado para garantir a presidência da Câmara dos Representantes”, observou Pomar, apontando as dissidências no Partido Republicano como um problema crônico para a governabilidade.
Política interna: um governo sob constante tensão
A situação interna dos Estados Unidos, conforme analisado por Pomar, é marcada por tensões sociais e políticas, que se refletem em uma classe trabalhadora seduzida pela retórica de reindustrialização de Trump e, ao mesmo tempo, movimentos contrários à guerra no Oriente Médio e ao apoio irrestrito a Israel.
“O efeito da política de reindustrialização é sedutor para uma parte da classe trabalhadora, que vê na recuperação de empregos e do orgulho nacional um atrativo. Mas, do ponto de vista externo, isso só aumenta as tensões com a China, a Rússia e até com aliados”, avaliou Pomar.
Repercussões globais: América Latina na mira
Para a América Latina, a expectativa é de uma escalada nas pressões econômicas e políticas vindas dos Estados Unidos. “Trump não só busca reindustrializar os EUA como quer garantir matérias-primas baratas e mercados para escoar sua produção. Isso significa aumentar a submissão da América Latina e fortalecer as forças de direita na região”, alertou Pomar.
Ele também apontou que a vitória de Trump é celebrada por setores bolsonaristas no Brasil, que veem no ex-presidente americano uma inspiração. “Para o bolsonarismo e para a extrema direita em geral, Trump será um ponto de apoio importante, sobretudo se sua política econômica gerar algum benefício colateral para setores como o agronegócio brasileiro”, afirmou.
Política externa: conflitos e hegemonia
No plano internacional, a política de Trump promete ser agressiva, com foco na hegemonia do dólar e na contenção da China. “Ele quer abrir mercados e proteger os EUA, garantindo matérias-primas baratas e pressionando os aliados a dividirem os custos da segurança coletiva. É uma pauta que só ficaria mais pesada com a guerra”, destacou Pomar.
A reaproximação de Trump com governos autoritários e seu desprezo por questões multilaterais, como a crise climática, são vistos como ameaças. Além disso, sua retórica contra a Ucrânia e a possibilidade de negociações que beneficiem a Rússia indicam mudanças drásticas no conflito europeu.
Um biênio decisivo para o Brasil
No Brasil, Pomar alertou para o impacto dessas mudanças sobre a política interna. “Os próximos dois anos serão decisivos. A pressão dos EUA será brutal, tanto no fortalecimento da direita quanto na tentativa de manter a América Latina como retaguarda segura para os interesses americanos”, afirmou.
Por fim, Pomar reforçou a necessidade de mobilização popular para resistir às investidas da extrema direita. “O futuro da região dependerá da capacidade das forças progressistas de enfrentar essa onda reacionária, que encontra em Trump uma de suas maiores forças impulsionadoras.” Assista:
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