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    Kai-Fu Lee aponta vantagem chinesa na corrida pela inteligência artificial

    “O DeepSeek provavelmente operou com 2% da despesa operacional da OpenAI”, afirmou Lee

    Kai-Fu Lee (Foto: Reuters)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 – O cientista da computação Kai-Fu Lee, uma das figuras mais respeitadas no campo da inteligência artificial, acredita que apenas um número reduzido de modelos fundacionais sobreviverá à corrida tecnológica entre China e Estados Unidos. A avaliação foi dada em entrevista à Bloomberg Television e publicada em matéria do portal Bloomberg nesta quinta-feira (20).

    Fundador da 01.AI e ex-presidente do Google China, Lee aposta que três grandes modelos irão prevalecer no mercado chinês: DeepSeek, Alibaba e ByteDance. Do lado norte-americano, ele vê quatro possíveis líderes: OpenAI, Google, xAI (de Elon Musk) e Anthropic.

    O destaque central de sua análise é o avanço da startup chinesa DeepSeek, que vem ganhando projeção desde janeiro ao lançar um modelo de IA de alto desempenho baseado em código aberto e treinado a custos significativamente inferiores aos da OpenAI. “DeepSeek provavelmente operou com 2% da despesa operacional da OpenAI”, afirmou Lee. “Com esse tipo de concorrente formidável, acho que Sam Altman provavelmente não está dormindo bem.”

    Segundo o especialista, a DeepSeek está acelerando a transformação do setor ao mostrar que é possível desenvolver inteligência artificial de ponta com muito menos recursos. “Eu diria que as sanções [dos Estados Unidos] até agora não funcionaram”, comentou Lee, em referência às restrições que dificultam o acesso da China aos chips mais avançados da Nvidia. “Na verdade, a DeepSeek se beneficiou por ter menos recursos e conseguiu fazer o treinamento e a inferência a um custo de cinco a dez vezes menor do que o da OpenAI e outros.”

    A ênfase no modelo aberto também está incentivando desenvolvedores ao redor do mundo a aderirem a esse formato mais acessível e colaborativo. Esse movimento, na visão de Lee, está moldando o futuro da IA global — afastando os investidores dos modelos fundacionais e levando o capital de risco a buscar oportunidades em infraestrutura, aplicações empresariais e produtos voltados ao consumidor. “O financiamento de IA está a todo vapor”, declarou. “Só que ninguém mais quer financiar modelos pioneiros.”

    A própria 01.AI passou por uma guinada estratégica: abandonou a meta de desenvolver plataformas de larga escala com trilhões de parâmetros e passou a se concentrar em parcerias — com destaque para a colaboração com a Alibaba e a própria DeepSeek — para construir aplicações voltadas a setores específicos. O objetivo, segundo Lee, é atuar como “uma camada operacional” sobre os modelos fundacionais.

    Com forte apoio dos governos locais na China, especialmente após Pequim ter elevado a IA ao status de prioridade estratégica nacional, o cenário é de intensificação da disputa com o Ocidente. Mas, como alerta Kai-Fu Lee, o jogo será vencido não necessariamente pelos que têm mais recursos, mas por aqueles que souberem fazer mais com menos.

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