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    “Temos uma elite econômica malthusiana que não acredita no Brasil”, afirma Renato Janine Ribeiro

    Ex-ministro da Educação e presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, denuncia o descaso da elite brasileira com o desenvolvimento

    Renato Janine Ribeiro (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

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    247 – Em entrevista ao canal Tutaméia, Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação e atual presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), teceu duras críticas à elite econômica brasileira, classificando-a como “malthusiana” — uma referência à teoria de Thomas Malthus, que previa o crescimento populacional desproporcional aos recursos alimentares. Segundo Ribeiro, essa elite não acredita no Brasil e age de maneira predatória, explorando recursos e comprometendo o futuro do país.

    “Nós temos no Brasil uma elite econômica que não acredita no Brasil, uma elite malthusiana”, afirmou o ex-ministro, em alusão ao comportamento dessa classe, que prioriza seus interesses à custa da sustentabilidade e do bem-estar coletivo. “Essa elite não crê que o Brasil possa ir para frente, não acredita que o país possa dar certo”, completou.

    Desastre ambiental e irresponsabilidade governamental

    Ribeiro destacou o impacto das queimadas e da destruição ambiental, particularmente na Amazônia, ressaltando o caráter criminoso de muitos incêndios florestais. Para ele, a destruição da floresta em prol da expansão agrícola e pecuária revela uma postura negligente e assassina em relação ao meio ambiente.

    “O que estamos vendo é uma tragédia evitável. Muitas das queimadas são feitas de maneira irresponsável para expandir a soja ou o gado, atividades que não precisam destruir a natureza para prosperar”, declarou. Em tom de desabafo, acrescentou: “Hoje, viver no Brasil é sentir na pele os efeitos dessa destruição. Recentemente, em uma viagem por várias regiões do país, a seca e a fumaça eram onipresentes”.

    Ribeiro também mencionou a falta de ações efetivas do governo de Jair Bolsonaro em proteger o meio ambiente, citando a infame declaração do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre "passar a boiada" enquanto a atenção estava voltada para a pandemia de COVID-19.

    Educação e ciência em risco

    O ex-ministro também alertou sobre o ataque às instituições científicas e educacionais durante o governo Bolsonaro, enfatizando o papel crucial da ciência na proteção ambiental e no desenvolvimento do Brasil. “A ciência previu o que estamos vivendo. É assustador que, mesmo com todo o conhecimento disponível, continuemos em um caminho de destruição”, disse Ribeiro.

    O ataque à ciência, segundo ele, não se limita ao Brasil. Em uma de suas observações mais incisivas, Ribeiro apontou o fenômeno global de desinformação, que atingiu seu ápice durante a pandemia de COVID-19, mas que continua a ameaçar o desenvolvimento da ciência e da educação. “Vivemos num período em que as fake news são usadas como arma para desacreditar a ciência e promover políticas destrutivas”, lamentou.

    Esperança na reconstrução

    Apesar das críticas, Ribeiro demonstrou otimismo com a eleição de Lula e a nomeação de Marina Silva para o Ministério do Meio Ambiente. Segundo ele, a nomeação de Marina simboliza uma oportunidade de reconstruir a política ambiental do país e recolocar o Brasil no caminho da sustentabilidade.

    “O Brasil tem tudo para ser uma potência ambiental. Temos uma biodiversidade única e cientistas brilhantes. O que precisamos é de uma elite comprometida com o futuro do país, e não apenas com seus lucros imediatos”, concluiu.

    O ex-ministro encerrou a entrevista reforçando a importância da mobilização social e de uma grande campanha em defesa da justiça fiscal e social, defendendo um sistema de impostos mais progressivo que contribua para o crescimento sustentável do Brasil.

    Uma elite desconectada do povo e do meio ambiente

    Ribeiro destacou que, enquanto países desenvolvidos avançam em direção a energias renováveis e preservação ambiental, a elite brasileira parece fixada em modelos ultrapassados de exploração. Ele lamentou o retrocesso nas políticas de incentivo à ciência e à inovação, mencionando o desmonte de estaleiros e projetos de trens de alta velocidade, que poderiam ter colocado o Brasil no cenário global de inovação.

    A fala de Renato Janine Ribeiro reflete uma crítica profunda ao estado atual das políticas públicas no Brasil, especialmente no que tange ao meio ambiente e à ciência, reforçando a necessidade de mudança e de um olhar voltado para o futuro do país. Assista:

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