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"Precisamos ir às ruas, exigir ações que protejam os brasileiros. Estão nos matando. Está difícil respirar", diz Luciana Gatti

Pesquisadora da área ambiental defende decreto urgente de queimadas zero e alerta para crise climática

Luciana Gatti, desmatamento, produção agrícola e um protesto contra a gestão ambiental brasileira no governo Jair Bolsonaro (Foto: Antônio Cruz-Agência Brasil I Amanda Perobelli-Reuters I Divulgação )

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247 – Durante entrevista à TV 247, a pesquisadora Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), fez um alerta contundente sobre a urgência de ações para conter as queimadas no Brasil. Ela destacou que o país está vivendo uma "crise de sobrevivência" e defendeu a adoção imediata de um decreto de "queimadas zero" como medida para enfrentar a grave situação climática. Gatti apontou que os incêndios recentes, especialmente no estado de São Paulo, apresentam características de coordenação, com focos surgindo ao mesmo tempo em várias áreas, segundo imagens de satélite.

"A gente vê aquele monte de post dizendo que o Brasil ia pegar fogo, dois dias depois o Brasil inteiro pega fogo ao mesmo tempo, coordenado. No estado de São Paulo, tem imagem de satélite mostrando que os incêndios começaram exatamente todos a uma hora. Não tem indício? Me poupa!", afirmou Gatti. Segundo a pesquisadora, as autoridades estaduais e federais deveriam ter uma postura mais enérgica para combater as queimadas, que estão colocando a vida da população em risco. "Deveríamos estar todos nas ruas exigindo ação do prefeito, do governador e do presidente. As três instâncias deveriam estar combatendo o fogo, porque está nos matando", disse.

Críticas ao desmatamento e às políticas ambientais

Gatti também ressaltou que os incêndios são resultado direto de anos de desmatamento acelerado, agravado pelo governo de Jair Bolsonaro. Ela enfatizou que a destruição das florestas afeta todos os biomas do país, como Amazônia, Pantanal e Cerrado, e provoca uma redução significativa da umidade atmosférica, intensificando o calor e a seca. "Menos árvores, menos chuva, menos umidade na atmosfera. Isso é consequência dos quatro anos de Bolsonaro", destacou.

Apesar de reconhecer os esforços do atual governo para reduzir o desmatamento, a pesquisadora afirmou que as medidas adotadas são insuficientes. "O desmatamento reduziu 40%, mas sobram 60% ainda. É um desmatamento maior do que no governo Temer, ainda muito alto", disse Gatti. Para ela, é necessário ir além da redução e zerar o desmatamento. "Precisávamos não só de desmatamento zero, mas também de uma gigantesca campanha de restauração florestal."

Necessidade de ações rápidas e coordenadas

Luciana Gatti frisou que, mesmo que o Brasil inicie imediatamente uma campanha de reflorestamento, os efeitos benéficos para o clima não serão sentidos no curto prazo. "Vai levar anos para que as árvores plantadas comecem a devolver umidade para a atmosfera e aliviar um pouco a secura e o calor", afirmou. Diante desse cenário, Gatti argumentou que é urgente declarar uma emergência climática no Brasil, com o objetivo de implementar desmatamento zero e queimada zero em todo o território nacional, além de uma ampla campanha de restauração florestal.

"A cada ano, a situação está piorando", alertou. Gatti também chamou atenção para os riscos das ondas de calor, que, segundo ela, matam mais do que eventos climáticos extremos como enchentes e deslizamentos. "Nossa sobrevivência está em risco", enfatizou.

Máscaras e proteção contra a fumaça

No final da entrevista, a pesquisadora também deu orientações práticas para a população se proteger da poluição gerada pelas queimadas. Ela sugeriu o uso de máscaras N95 para filtrar as partículas finas presentes no ar e recomendou manter as janelas fechadas para evitar a entrada de fuligem. "Se protejam, usem máscaras de três camadas ou, melhor ainda, as N95, porque a partícula mais perigosa não é grande, é pequena", explicou.

Para Gatti, o cenário atual exige uma ação rápida e coordenada de todos os níveis de governo, além de uma mobilização popular para pressionar por mudanças. "Precisamos ir para as ruas, exigir ações que protejam os brasileiros. Estão nos matando. Está difícil respirar", concluiu. Assista:

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