Trump e Netanyahu impulsionam ideia de supremacia judaica, avalia colunista do Haaretz
Aluf Benn argumenta que ideologias antes tidas como marginais hoje são dominantes em Israel
247 – As recentes movimentações de Donald Trump e Benjamin Netanyahu refletem uma continuidade histórica da supremacia judaica, segundo análise do colunista Aluf Benn, do Haaretz. Em artigo publicado neste domingo (9), Benn argumenta que as políticas defendidas por ambos os líderes consolidam uma visão nacionalista radical que há décadas influencia a política israelense.
A análise destaca que a proposta de Trump de que os Estados Unidos assumam o controle da Faixa de Gaza e realoquem a população palestina se alinha com a agenda da extrema-direita israelense. Netanyahu, por sua vez, tem promovido a expansão dos assentamentos em territórios ocupados, reforçando a visão de que Israel deve consolidar o domínio sobre toda a região, sem espaço para um Estado palestino.
O colunista traça um paralelo entre essas iniciativas e ideologias que, no passado, foram consideradas marginais dentro do próprio establishment israelense. Segundo ele, nomes como Meir Kahane e Rehavam Zeevi, que antes eram rejeitados por defenderem a remoção da população árabe dos territórios ocupados, agora encontram respaldo em setores amplos da sociedade e do governo.
A proposta de "emigração voluntária" de palestinos, apresentada como alternativa para reduzir a tensão na região, tem ganhado força dentro do governo Netanyahu e de setores conservadores da sociedade israelense. A ideia, que conta com incentivos financeiros para que os palestinos deixem Gaza e a Cisjordânia, já encontra respaldo até mesmo entre grupos políticos que antes resistiam a tais medidas.
Para Aluf Benn, essa guinada ideológica reflete uma transformação na política israelense, onde a ocupação e a expulsão gradual dos palestinos deixam de ser tratadas como medidas extremas e passam a ser consideradas estratégias legítimas de Estado. O apoio crescente a tais iniciativas, segundo ele, evidencia o avanço do discurso de supremacia judaica no debate público israelense.
A postura de Netanyahu e Trump, segundo a análise, consolida essa mudança de paradigma, ao afastar qualquer perspectiva de solução negociada para o conflito. No lugar do diálogo, ambos apostam na consolidação da ocupação e na remodelação demográfica da região, o que, para Benn, reforça um legado de segregação e dominação que remonta às origens do sionismo revisionista.
A análise publicada pelo Haaretz ressalta que, diante desse cenário, a comunidade internacional se vê cada vez mais diante de um dilema: aceitar passivamente a transformação do Oriente Médio segundo a lógica da supremacia judaica ou buscar medidas mais firmes para conter essa guinada extremista. A questão, segundo Aluf Benn, já não é mais se haverá uma solução de dois Estados, mas se os palestinos terão qualquer futuro dentro da terra que há décadas chamam de lar.
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