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    Especialistas cobram posicionamento da Petrobras sobre políticas financeiras e investimentos no país

    Companhia distribuiu R$ 75,8 bilhões em dividendos, o terceiro maior volume de sua história, mas enfrenta questionamentos sobre seu papel na economia

    Deyvid Bacelar, FUP (Foto: ABr | Reprodução)
    Camila França avatar
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    247 - A estratégia financeira da Petrobrás e sua relação com o desenvolvimento econômico do Brasil voltam ao centro do debate. Apesar das oscilações no mercado internacional, a estatal registrou um lucro de R$ 36,6 bilhões em 2024 e distribuiu R$ 75,8 bilhões em dividendos, o terceiro maior montante de sua história.

    Para o economista Cloviomar Cararine, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/seção FUP), a empresa precisa assumir um posicionamento mais claro sobre seu papel. “A Petrobrás precisa tomar uma posição clara e definitiva em relação às suas políticas financeiras e seu papel no desenvolvimento do Brasil. Não é mais viável para a empresa continuar agradando a todos os lados ao mesmo tempo”, pondera.

    Mahatma Ramos dos Santos, diretor-técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), explica que, mesmo com a queda das receitas da companhia — reflexo da desvalorização do brent no mercado internacional e da redução dos preços e volumes de venda de derivados no Brasil —, a Petrobrás manteve o foco em potencializar seu CAPEX e garantir remuneração recorde aos acionistas. “É o terceiro maior volume de dividendos distribuídos pela companhia em sua história, R$ 75,8 bilhões, atrás apenas do observado no biênio 2021-2022”, destaca.

    Apesar de alguns trimestres negativos em 2024 devido a "itens não recorrentes", a empresa se aproxima novamente dos níveis de rentabilidade observados entre 2003 e 2013, quando sua média anual de lucro foi de R$ 26 bilhões. No entanto, especialistas apontam que a estatal enfrenta um dilema entre seu compromisso com os acionistas e sua função social no Brasil.

    A atual gestão implementou medidas que beneficiaram a economia nacional, como o fim do Preço de Paridade de Importação (PPI), que contribuiu para a redução dos preços dos combustíveis no mercado interno, a diminuição das exportações de petróleo e o aumento da utilização das refinarias nacionais, que operam a 93% da capacidade. Também houve incremento nos investimentos, especialmente na indústria naval brasileira. “Essas medidas têm resgatado o papel da Petrobrás como empresa estatal. No entanto, a companhia também segue agradando ao mercado e aos rentistas, especialmente aos investidores estrangeiros, com a distribuição de altos dividendos”, observa Cararine.

    Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), defende que a estatal precisa revisar sua política de dividendos para priorizar o crescimento do Brasil. “A empresa precisa, finalmente, assumir um compromisso com o desenvolvimento econômico e social do Brasil, priorizando o interesse da população e o crescimento sustentável do país”, reforça Bacelar.

    Diante do impasse, a Petrobrás se encontra em uma encruzilhada: manter a estratégia de alta remuneração aos acionistas ou consolidar um modelo de investimento voltado para o desenvolvimento industrial e tecnológico do Brasil. O desafio agora é definir qual caminho a estatal irá seguir.

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