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      China espera que a cooperação internacional prevaleça na era da inteligência artificial

      Vice-premiê Zhang Guoqing representa Pequim no encontro de Paris e defende governança global inclusiva para a IA

      DeepSeek (Foto: Divulgação)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – A China reafirma seu compromisso com a cooperação internacional na inteligência artificial (IA) durante a terceira edição do Artificial Intelligence Action Summit, em Paris. O evento, que ocorre entre os dias 10 e 11 de fevereiro, reúne líderes de governos, empresas, instituições acadêmicas e sociedade civil de cerca de 100 países para discutir o desenvolvimento seguro da IA. De acordo com o Global Times, a delegação chinesa é liderada pelo vice-premiê Zhang Guoqing, que participa como representante especial do presidente Xi Jinping.

      A presença chinesa no evento ocorre em meio à ascensão da DeepSeek, uma inovação de IA que tem desafiado o monopólio das grandes corporações ocidentais e levado especialistas a reavaliarem o cenário global da tecnologia. Segundo Xue Lan, diretor do Instituto de Governança Internacional de IA da Universidade Tsinghua, que também está em Paris para o encontro, a China quer não apenas compartilhar suas experiências, mas também aprender com outras nações e contribuir para a formulação de normas internacionais que garantam o desenvolvimento seguro e benéfico da IA.

      Desde o lançamento de seu plano nacional para a IA em 2017, Pequim tem acumulado avanços significativos na tecnologia, tanto no desenvolvimento quanto na regulação do setor. "Como um país responsável, a China busca promover a governança global da IA com base na inclusão e na cooperação multilateral", destacou Xue. O especialista também ressaltou que a DeepSeek representa um modelo inovador que torna a IA mais acessível, reduzindo barreiras financeiras e promovendo um campo de jogo mais equilibrado para todos os países.

      A influência chinesa no setor já é reconhecida por especialistas ocidentais. Gina Neff, do Minderoo Centre for Technology and Democracy da Universidade de Cambridge, afirmou em entrevista à BBC que "existe um vácuo na liderança global da IA". Já Wendy Hall, cientista da computação da Universidade de Southampton, disse que a DeepSeek fez "todos perceberem que a China é uma força a ser considerada".

      Os Estados Unidos, por sua vez, enviaram uma delegação liderada pelo vice-presidente JD Vance, que conta com executivos como Sam Altman, da OpenAI, e Sundar Pichai, do Google. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, também confirmou presença, participando pela primeira vez do evento. Elon Musk, embora ausente da lista oficial de convidados, segue sendo uma figura influente nas discussões sobre IA.

      A postura dos EUA em relação à IA chinesa, no entanto, tem sido ambígua. No dia 7 de fevereiro, o ex-presidente Donald Trump afirmou à Forbes Breaking News que não vê a DeepSeek como uma ameaça à segurança nacional. "A IA de que estamos falando será muito mais barata do que se pensava inicialmente. Isso é bom, é um grande avanço, não uma ameaça", declarou Trump.

      Em meio a tensões e tentativas de restrição, a China segue defendendo uma abordagem cooperativa. Zhang Linghan, especialista da Universidade Chinesa de Ciências Políticas e Direito e membro do Comitê Consultivo de Alto Nível sobre IA da ONU, enfatizou que a governança global deve garantir que os avanços tecnológicos beneficiem toda a humanidade. "A competição na IA não é um jogo de soma zero. Restrições e isolamento apenas atrasam o progresso", afirmou Zhang.

      A China também promoverá um evento paralelo ao fórum, intitulado "Progressos na Tecnologia de IA e sua Aplicação", onde apresentará suas estratégias de desenvolvimento e governança, além de discutir iniciativas de cooperação internacional. Segundo Xue Lan, que será um dos palestrantes, o objetivo é fortalecer o intercâmbio entre especialistas globais e reforçar a construção de um ecossistema de IA seguro e transparente.

      Diferente das edições anteriores em Bletchley Park, na Inglaterra, e Seul, na Coreia do Sul, onde a segurança da IA dominou as discussões, o encontro em Paris busca ampliar os debates para temas como inovação, cultura e o futuro do trabalho. Segundo a Reuters, a França, anfitriã do evento ao lado da Índia, pretende destacar o papel dos sistemas de código aberto e o uso de energia limpa para data centers. Outra questão em pauta é a promoção da soberania nacional no setor, garantindo que o desenvolvimento da IA beneficie países de diferentes níveis econômicos.

      Nos bastidores do evento, um dos temas mais aguardados é a possível assinatura de um comunicado não vinculativo sobre os princípios de governança da IA, com apoio da China, dos EUA e de outras potências. Caso concretizado, seria um marco histórico na regulação global do setor.

      Durante coletiva na sexta-feira, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês reafirmou o compromisso de Pequim com a governança global da IA. Ele lembrou que, em outubro de 2023, o presidente Xi Jinping lançou a Iniciativa Global para a Governança da IA, propondo princípios para um desenvolvimento seguro e inclusivo da tecnologia. O porta-voz também destacou que, na visita de Xi à França em maio do ano passado, os dois países firmaram uma declaração conjunta sobre IA e governança global.

      "A China espera ampliar os consensos sobre cooperação internacional em IA e convida todos os países a participarem da Conferência Mundial de IA em 2025, que será realizada em solo chinês", concluiu.

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