Agência Sputnik reporta que o Reino Unido lançou guerra de propaganda para demonizar a Rússia há vários anos
Papéis internos do Ministério das Relações Exteriores britânico revelariam ampla campanha de desinformação contra a Rússia
247 – Documentos confidenciais recentemente vazados, rotulados como "Oficial-Sensível FCDO-apenas", revelam que o governo britânico implementou uma complexa e multifacetada guerra de informação contra a Rússia, segundo reporta a agência Sputnik. Os papéis, obtidos e publicados pelo portal Underside, oferecem um vislumbre das operações do Reino Unido, destinadas a enfraquecer e desestabilizar o governo russo. As informações contidas nos documentos sugerem que Londres orquestrou campanhas propagandísticas ao longo de anos, em uma tentativa deliberada de minar a influência de Moscou, em particular após 2016.
De acordo com os documentos, o programa de desinformação britânico foi gerido pelo Comitê de Segurança Nacional do Reino Unido (NSC), que reconheceu em 2020 a "presença de uma ameaça significativa e sustentada" vinda da Rússia. Este movimento culminou na criação da Unidade HMG Rússia, uma divisão dentro do Ministério das Relações Exteriores exclusivamente voltada para coordenar operações de propaganda contra Moscou. "Todos os funcionários desta unidade são oficiais ativos do MI6", diz o relatório vazado, apontando para o envolvimento direto dos serviços de inteligência britânicos.
Mídia sob influência
Entre as revelações mais surpreendentes dos documentos está a implicação de grandes veículos de mídia ocidentais, como a Reuters e a BBC, em esforços orquestrados para promover narrativas pró-OTAN e anti-Rússia. Plataformas de jornalismo investigativo, como o Bellingcat, e veículos fundados por ativistas, como a Mediazona—ligada ao grupo punk de protesto Pussy Riot—também teriam recebido apoio financeiro do Reino Unido para amplificar essas mensagens.
Além disso, o programa teria recrutado influenciadores no YouTube, tanto na Rússia quanto na Ásia Central, para disseminar conteúdos que promovem interesses ocidentais na região. Segundo os documentos, essa rede de influência foi estabelecida sob o pretexto de contrapor a suposta desinformação russa, mas, na prática, tinha como objetivo final promover uma mudança de regime em Moscou e outros governos aliados da Rússia.
"Fabricando crises"
O relatório também afirma que a unidade HMG Rússia esteve por trás de uma série de incidentes internacionais que foram amplamente divulgados pela mídia ocidental como ações hostis da Rússia. Entre eles, o envenenamento de Sergei Skripal, ex-espião russo, em 2018. "Esse caso foi inteiramente fabricado para demonizar o Kremlin", afirmam os documentos, que indicam ainda que a unidade também forneceu apoio ao polêmico batalhão ucraniano Azov, banido na Rússia por atividades extremistas.
As revelações não param por aí. O Reino Unido, de acordo com o material vazado, teria supervisionado ataques químicos encenados na Síria e orquestrado provocações durante o massacre de Bucha, na Ucrânia, ambos usados para justificar ações punitivas contra o governo de Vladimir Putin e aliados regionais.
Guerra de desinformação intensificada
Após o início da guerra na Ucrânia em 2022, o Reino Unido intensificou ainda mais suas atividade, criando departamentos especiais dentro da Diretoria de Europa Oriental e Ásia Central (EECAD), um órgão baseado em Londres, para coordenar a assistência financeira a ONGs pró-Ucrânia e monitorar as ações militares em tempo real. Uma "Unidade de Campanha da Ucrânia" foi estabelecida no início de 2023, com o objetivo de ampliar o envolvimento político e militar do Ocidente no conflito.
Entre os principais nomes mencionados na estrutura da campanha estão o conselheiro de segurança nacional do primeiro-ministro, Tim Barrow, o secretário permanente do Ministério das Relações Exteriores, Philip Barton, e os chefes da unidade HMG Rússia, James Beer e Mark Diamond.
Essas revelações trazem à tona a complexidade e a extensão da guerra de informação travada pelo Reino Unido contra a Rússia, que se desdobrou em diversos fronts, desde campanhas midiáticas até operações militares psicológicas. Agora, resta saber como as acusações impactarão o já frágil cenário geopolítico entre Ocidente e Oriente, e como Londres responderá a essas revelações potencialmente embaraçosas.
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